Educação em Crise: Apenas 11 Estados Recuperam Aprendizado de Negros e Pobres no Pós-Pandemia
Apenas 11 estados melhoram educação de negros e pobres pós-pandemia

Os números são duros, mas não mentem. Um retrato cru de um país que ainda patina – e muito – para consertar os estragos de uma crise sem precedentes na educação. Enquanto o mundo tentava voltar ao normal, as salas de aula brasileiras carregavam um peso extra, uma dívida imensa com quem mais precisa.

E o balanço? Francamente, preocupante. Dos 26 estados e o Distrito Federal, apenas onze – repito, apenas onze – conseguiram, de fato, melhorar o desempenho de seus estudantes negros e de famílias de baixa renda no ensino fundamental depois do caos da pandemia. Os dados são do SAEB, o Sistema de Avaliação da Educação Básica, e pintam um cenário de desigualdade teimosa, que a crise sanitária não criou, mas escancarou de vez.

Um Abismo que Não Fecha

Parece óbvio, mas é sempre bom lembrar: a COVID-19 não atingiu a todos igualmente. Enquanto alguns conseguiram manter uma rotina de estudos minimamente estável, milhões de jovens foram lançados a um verdadeiro deserto de oportunidades. Sem acesso à internet, sem um lugar silencioso para estudar, muitas vezes tendo que trabalhar.

E o resultado está aí. Uma lacuna de aprendizado que já era grande virou um abismo. E o pior? A maioria das redes de ensino simplesmente não deu conta da missão hercúlea de recuperar esse tempo perdido para os grupos mais vulneráveis. É como se estivéssemos correndo contra o tempo, mas com uma perna amarrada nas costas.

Os Estados que Derrubaram a Média

Mas nem tudo são más notícias. Alguns estados viraram o jogo e mostraram que, com foco e políticas públicas direcionadas, é possível avançar. O Mato Grosso do Sul, por exemplo, deu um show à parte. Lá, o salto no aprendizado de matemática para estudantes negros do 5º ano foi simplesmente impressionante. Alagoas e Piauí também entraram para a lista dos que conseguiram melhorar em português e matemática, respectivamente.

Pernambuco, sempre citado como exemplo em educação, manteve a tradição e puxou a fila dos que evoluíram. E olha só que interessante: Goiás e Espírito Santo aparecem com destaque, mostrando que o investimento em educação básica, quando é prioridade, dá certo. A pergunta que fica é: o que esses estados fizeram que os outros não fizeram? Será que é só uma questão de verba, ou tem a ver com gestão, com um plano claro de ação?

É aquela velha história: enquanto uns correm, outros dão passos de tartaruga. E no fim, quem perde são sempre os mesmos.

O Lado B da Moeda: Os que Ficaram para Trás

Agora, prepare o estômago. Se por um lado temos histórias de sucesso, por outro, a lista dos que patinaram é longa – e assustadora. Estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e até mesmo São Paulo, a potência econômica do país, não conseguiram melhorar o desempenho desses grupos específicos. Em alguns casos, a situação até piorou.

Isso é gravíssimo. Mostra que simplesmente reabrir as escolas não foi suficiente. Era preciso um plano de guerra, uma força-tarefa para resgatar cada aluno, cada aluna, que ficou para trás. E claramente, isso não aconteceu na maioria dos lugares. Fingir que está tudo bem não é mais uma opção. O preço que vamos pagar por essa negligência será caro, muito caro.

Os especialistas já batem na tecla: sem um esforço concentrado e urgente, nós vamos consolidar uma geração perdida. E não, isso não é exagero. É matemática pura. É o futuro do país escorrendo entre os dedos.

O que fazer então? O recado está dado. A hora é de agir, de cobrar, de priorizar a educação como nunca antes. Porque sem isso, a conta vai chegar – e ela vai vir alta para todo mundo.