Morador de Praia Grande (SP) enfrenta batalha judicial por benefício do INSS após cirurgias e dores incapacitantes
Morador de Praia Grande luta por benefício do INSS após cirurgias

Imagine acordar todo dia com uma dor que não passa, tomar remédios que mais parecem balas de goma diante do sofrimento, e ainda ter que brigar na justiça pelo seu direito básico. É essa a realidade de José Carlos*, 54 anos, morador de Praia Grande que virou refém da própria saúde e da lentidão do sistema.

Depois de três cirurgias nas costas (e olhe lá, porque a memória já não é mais a mesma com tanto analgésico), o ex-pedreiro se vê incapaz até de carregar uma sacola de compras. "Parece que enfiaram pregos na minha coluna", desabafa, enquanto tenta achar uma posição menos dolorosa na cadeira.

A saga do benefício que não vem

O calvário começou em 2019, quando os primeiros laudos médicos atestaram: José não poderia mais exercer sua profissão. Mas o INSS, aquela máquina que às vezes parece engolir processos como se fossem papel picado, negou o auxílio-doença inicialmente.

Desde então:

  • 12 perícias médicas (sim, você leu direito)
  • 4 recursos administrativos
  • 2 ações judiciais
  • 1 advogado trabalhista que já conhece o caso de cor

"É humilhante", confessa José, mostrando uma pilha de documentos que já rivaliza com a altura do guichê da agência do INSS que ele frequenta. "Sinto que preciso estar morrendo para provar que não consigo trabalhar."

O lado humano da burocracia

Enquanto isso, as contas se acumulam. A esposa, Maria*, virou a principal provedora da casa com seu salário de diarista. "A gente vai se virando", diz ela, com aquela resignação típica de quem já perdeu as contas de quantas noites dormiu preocupada.

O caso ganhou atenção local depois que um vereador da cidade resolveu abraçar a causa. "É inaceitável que cidadãos tenham que passar por isso", dispara o político, prometendo pressionar o INSS regional.

Enquanto a justiça não se manifesta (e olha que já são 18 meses de processo), José segue sua rotina: fisioterapia pela manhã, compressas quentes à tarde e a esperança - essa teimosa - de que um dia o sistema vai enxergar nele não um número, mas um ser humano que precisa de ajuda.

*Nomes alterados a pedido dos entrevistados