
A coisa está ficando séria — e como. O presidente da CPI do INSS, deputado Efraim Filho (União-PB), não veio para brincadeira. Ele deu o pontapé inicial num movimento que promete abalar as estruturas do poder em Brasília: quer ninguém menos que todos os ministros da Previdência Social que passaram pelo cargo desde o governo de Dilma Rousseff. Sim, todos.
Nada de meias-palavras ou delongas. Efraim já adiantou que a lista de convocados é longa e abrange um período cheio de idas e vindas, um verdadeiro quebra-cabeça administrativo. A comissão nem mesmo tomou posse formalmente, mas o clima já é de inquérito a todo vapor — e a expectativa é que os trabalhos comecem de verdade ainda em setembro.
O objetivo? Desvendar um suposto esquema de corrupção que teria desviado recursos dos cofres da Previdência. Valores que, pasmem, girariam na casa dos R$ 30 bilhões. Uma fortuna que simplesmente evaporou, deixando para trás um rastro de suspeitas e prejuízos aos cofres públicos.
Não vai ficar ninguém de fora
Efraim foi taxativo. Em entrevista, deixou claro que não pretende fazer rodeios. “A gente vai ouvir todos os ministros da Previdência desde o governo Dilma, obviamente os que estão vivos”, afirmou, num tom que não deixa margem para interpretações dúbias. A mensagem é clara: ninguém escapa.
E não para por aí. A lista de convocados deve incluir também antigos presidentes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e outras figuras-chave que tiveram poder de decisão sobre a gestão de recursos — gente que, na visão da CPI, pode ter informação privilegiada sobre como e por que o dinheiro foi parar onde não devia.
O que está por trás da investigação?
O estopim dessa trama toda foi uma delação premiada do ex-ministro Milton Ribeiro, que apontou o dedo para um suposto esquema de corrupção durante a gestão de Jair Bolsonaro. Só que a coisa não para no governo anterior. A suspeita é que o problema seja crônico, sistêmico — e que vem de longa data.
E não pense que é só conversa. Dizem por aí que desvios ocorriam via portarias e decretos que autorizavam repasses diretos a municípios, muitas vezes sem licitação ou critérios técnicos. Dinheiro que supostamente era para cobrir rombos na Previdência, mas que sumia em meio a obras superfaturadas, notas frias e uma ou outra “ajudinha” política.
O mais irônico? Muitas dessas operações teriam sido feitas às claras, com a chancela de quem deveria, justamente, impedi-las.
E agora, o que esperar?
Bom, se Efraim Filho cumprir o que promete, os próximos meses serão quentes. Imagina só: ex-ministros de diferentes governos, de diferentes partidos, todos enfileirados numa CPI para explicar suas gestões. É tipo reencontro de família, só que com direito a TV ao vivo e possibilidade de responder processo.
O plano é esmiuçar cada contrato, cada portaria, cada centavo que saiu dos cofres do INSS sem o devido controle. E olha, se a história toda se confirmar, pode ser uma daquelas viradas de mesa que a gente só vê em filme — com direito a reviravoltas, delações e, quem sabe, algumas handcuffs aparecendo no final.
Enquanto isso, Brasília respira um ar pesado. Todo mundo se pergunta: quem será o primeiro a sentar na cadeira de depoente? E o que vão revelar?
Uma coisa é certa: a CPI do INSS promete. E não vai ser silenciada tão cedo.