O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, definiu com clareza o que considera serem as duas grandes prioridades para o Brasil nos próximos anos: a solução imediata do problema fiscal e o combate, mais complexo, ao crime organizado. As declarações foram dadas durante sua participação no Fórum de Investimentos 2026, promovido pelo Bradesco Asset, nesta quarta-feira, 12 de novembro de 2025.
A Fórmula Conhecida para a Questão Fiscal
Tarcísio de Freitas foi enfático ao classificar o risco fiscal como um tema urgente, porém relativamente simples de resolver. "O risco fiscal é importante, mas é mais fácil de lidar", afirmou o governador, complementando que "mais ou menos todo mundo sabe qual é a fórmula".
Segundo ele, o governo federal precisa acionar algumas "alavancas" específicas para garantir superávits primários e a redução da dívida pública. O governador listou três pilares essenciais para esse ajuste: a reforma administrativa, que segue em discussão no Congresso Nacional, a reforma orçamentária e a retomada do programa de privatizações de empresas estatais.
Tarcísio defendeu o fim da vinculação de receitas, que, em sua avaliação, não produziu os resultados esperados. "A reforma orçamentária resolve a vinculação de receitas. Temos que acabar com indexações que geram custos excessivos", explicou. Como exemplo de sucesso, citou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) aprovada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) que flexibilizou os gastos obrigatórios com educação, uma iniciativa que ele acredita dever ser replicada em âmbito federal.
O Desafio Maior: O Combate ao Crime Organizado
Se a questão fiscal tem uma rota aparentemente clara, o mesmo não se aplica ao segundo ponto destacado por Tarcísio. O governador colocou o combate ao crime organizado como um desafio de maior complexidade, que ganhou evidência após a operação policial no Rio de Janeiro no final de outubro, que resultou na morte de 121 pessoas.
Sua estratégia proposta é dupla: "Tem que fazer asfixia financeira (do crime), mas também tem que retomar o controle do território". Ele citou a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, como um modelo de ação que ataca as finanças do crime. Paralelamente, a operação no Rio ilustrou o esforço de retomada de áreas dominadas pelo tráfico.
Com orgulho, Tarcísio fez um contraste com a situação em seu estado: "Aqui em São Paulo não tem lugar onde o Estado não entra. Não tem lugar onde a polícia não entra". A declaração reforça a visão de que a presença do Estado é fundamental para desarticular grupos criminosos.
Um Panorama das Prioridades Nacionais
As observações do governador paulista traçam um panorama claro do que ele enxerga como agenda nacional. De um lado, um problema fiscal que exige medidas técnicas e conhecidas da equipe econômica. De outro, um desafio de segurança pública que demanda uma abordagem multifacetada, combinando inteligência financeira e ação policial ostensiva.
Enquanto a fórmula para as contas públicas parece estar na ponta da língua dos especialistas, a receita para derrotar o crime organizado ainda é um quebra-cabeça que exige inovação e força integrada dos governos federal e estaduais. O debate permanece aberto, com Tarcísio posicionando São Paulo como uma referência em controle territorial.