
O clima em Brasília está mais tenso do que fila de banco em dia de pagamento. E não é para menos — o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, soltou a bomba: a rejeição da Medida Provisória 1.202 não foi um mero descuido do governo. Foi escolha. Decisão consciente. Jogo político de alto nível.
"Não foi descuido, foi escolha", disparou Haddad, com aquela calma que só os experientes na arte da política conseguem manter. A fala aconteceu durante coletiva no Palácio do Planalto, deixando jornalistas e oposicionistas com a pulga atrás da orelha.
O Xadrez Político por Trás das MPs
Parece que o governo federal resolveu adotar uma postura diferente — alguns diriam mais dura — nas relações com o Congresso. Haddad foi claro como cristal: o Planalto simplesmente não quis gastar capital político negociando a votação de medidas provisórias que já estavam com os dias contados.
"A gente não quis gastar energia com aquilo que já estava no fim do prazo de votação", explicou o ministro, num tom que misturava pragmatismo com certa dose de realpolitik. É como deixar o leite azedar na geladeira porque você já sabe que vai ao mercado no dia seguinte.
O Timing é Tudo
Aqui está o pulo do gato: a MP 1.202 perdia a validade justamente no dia seguinte à sua rejeição pela Câmara dos Deputados. Traduzindo: mesmo que o governo conseguisse virar o jogo — o que, convenhamos, estava difícil — a medida já estaria morta antes de qualquer comemoração.
Haddad foi ainda mais longe ao revelar que o governo já prepara novas medidas provisórias para substituir as que caíram. É tipo aquela estratégia de xadrez em que você sacrifica uma peça menor para ganhar posição no tabuleiro.
O Fantasma do Orçamento Secreto
Mas a coisa não para por aí. O ministro também falou sobre a PEC 13/2024 — aquela que trata da desvinculação de receitas. E aqui a conversa fica ainda mais interessante.
Haddad fez questão de enterrar de vez qualquer possibilidade de retorno do famigerado "orçamento secreto". Suas palavras foram duras: "O orçamento secreto não voltará. O governo não compactua com esse tipo de prática". Alguém avise aos saudosistas do esquema.
O governo, segundo o ministro, quer aprovar a desvinculação, mas com transparência total. Parece que finalmente aprenderam que brasileiro não engode mais gato por lebre.
O Jogo Continua
Enquanto isso, no Congresso, a situação lembra aqueles filmes de faroeste onde todo mundo está com a mão no coldre. A relação entre Executivo e Legislativo parece ter entrado numa fase mais... realista. Sem ilusões, sem rodeios.
O que Haddad deixou claro — e isso é importante — é que o governo não está brincando de governar. Está fazendo escolhas. Umas populares, outras nem tanto. Mas todas conscientes.
Resta saber se essa estratégia de "escolhas difíceis" vai render dividendos políticos ou se vai custar caro nas próximas votações. Em Brasília, como diz o povo, o jogo só termina quando o último deputado vai embora.