
O que era um sussurro nos corredores de Brasília agora ecoa com força total no Planalto e no mercado financeiro. A cadeira mais quente – e poderosa – da defesa da concorrência no país está prestes a ficar vazia. E, meu Deus, a disputa para ocupá-la promete ser daquelas de arrepiar.
Alexandre Cordeiro, o atual mandatário do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), vê seu segundo – e último – mandato se esvair como areia entre os dedos. A recondução? Esquece. Está fora de cogitação. A bola da vez agora é quem terá a coragem – e o estômago – para assumir esse leão.
Os Pretendentes ao Trono
O xadrez político está montado, e as peças se movem com cautela digna de um thriller. De um lado, um nome que não é exatamente novato: André Luiz de Freitas Fernandes. Esse homem já conhece o território como a palma da mão, tendo sido superintendente-geral do próprio CADE. Ele não está só na parada; tem o respaldo pesado da Fazenda, um aval que, convenhamos, não é pouca coisa.
Do outro lado do ringue, uma figura que surge com força total: Vitor Fernandes Becker. Secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, ele não é um qualquer. É a aposta pessoal, a carta na manga do ministro Ricardo Lewandowski. E nesse jogo de poder, ter um ministro na sua trincheira é como ter um trunfo na manga.
Mas a lista não para por aí. O mercado, sempre atento, também sussurra outros nomes. Vasco Araújo Rodrigues, atual diretor, e Victor Oliveira Fernandes, da superintendência-geral, são citados – mas será que têm fôlego para a batalha final? A sensação é que a briga de verdade está mesmo entre os dois primeiros.
Os Bastidores que Você Não Vê
Ah, os bastidores… onde as verdadeiras decisões são costuradas. Dizem por aí que o Planalto, numa jogada de mestre, quer evitar um desgaste desnecessário. Uma sabatina no Senado no calor das eleições municipais? Melhor não. A estratégia parece ser nomear alguém só depois da tempestade eleitoral passar, lá para novembro.
E tem mais: Lewandowski, coitado, está numa sinuca de bico. Ele precisa achar um nome que não só agrade a ele e ao presidente Lula, mas que também tenha a chancela – ou pelo menos a não reprovação – de Geraldo Alckmin, o todo-poderoso da Fazenda. Convenhamos, fazer malabarismo com três pratos deve ser mais fácil.
O curioso é que, apesar de toda essa movimentação subterrânea, ninguém no governo assume publicamente que a corrida começou. É aquele silêncio ensurdecedor que só aumenta a ansiedade de todo mundo.
E Agora, José?
O que está em jogo aqui vai muito, mas muito além de um simples título ou de um cargo pomposo. Quem sentar naquela cadeira vai ditar o ritmo de fusões bilionárias, vai decidir o destino de grandes corporações e, no fim das contas, vai moldar o mercado brasileiro para os próximos anos.
Será um nome mais técnico, alinhado com a visão econômica da Fazenda? Ou alguém com um perfil mais jurídico, refletindo a visão do Ministério da Justiça? A resposta para essa pergunta vale ouro.
Enquanto os gabinetes em Brasília fervilham com reuniões discretas e o mercado especula sem parar, uma coisa é certa: a posse do novo presidente do CADE, seja lá quem for, não será apenas uma troca de comando. Será um sinal claro – um verdadeiro farol – para onde o governo pretende levar a economia do país. E todo mundo, mas todo mundo mesmo, está de olho.