
Parece que o tão falado acordo entre o BRB e a Mastercard está enfrentando mais dificuldades do que se imaginava. E olha que não são poucos os empecilhos no caminho.
Michel Temer, que assumiu o governo em meio a uma tempestade política, encontrou neste acordo uma das suas primeiras grandes batalhas econômicas. Mas a coisa tá feia — e complicada.
O que está pegando mesmo?
Os problemas são vários, e alguns bastante técnicos. Tem questão de governança corporativa, tem disputa por espaço no mercado de cartões, e — claro — tem muito jogo político envolvido. Não é simples, longe disso.
O BRB, banco público do Distrito Federal, já vinha negociando com a Mastercard há tempos. A ideia era formar uma parceria estratégica, algo que pudesse alavancar a atuação do banco no competitivo mercado de meios de pagamento. Só que...
Os nós que precisam ser desatados
- A estrutura de governança da nova empresa — quem manda no que
- O valuation, sempre complicado quando se trata de instituição pública
- As regras do Banco Central, que não facilitam
- E, não podemos esquecer, a pressão política de todos os lados
Não é exagero dizer que Temer precisa desse acordo como precisa de ar para respirar. Simbolicamente, pelo menos. Mostrar que consegue destravar negócios importantes, fazer a economia girar — tudo isso conta, e muito.
Mas a realidade teima em ser mais complexa. Os técnicos do governo se debruçam sobre os detalhes, analisam cláusula por cláusula, e sempre aparece mais uma pendência. É como tentar resolver um cubo mágico — você acha que está chegando perto, e de repente percebe que faltam várias peças.
E os prazos? Esses já voaram
O que era para ser resolvido rapidamente se arrasta, e isso preocupa. No mercado financeiro, a expectativa era de que o anúncio saísse ainda no primeiro semestre. Agora... bem, agora ninguém mais arrisca palpite.
O silêncio do Palácio do Planalto sobre o assunto é, no mínimo, eloquente. Quando perguntam, a resposta padrão é "as tratativas continuam". Sabe aquele jeito de falar sem dizer nada? Pois é.
Enquanto isso, os concorrentes não ficam parados. O mercado de cartões no Brasil é uma guerra diária, e cada dia de atraso nesse acordo significa oportunidade perdida. Alguém está contando essas oportunidades? Aposto que sim.
O que me preocupa — e aqui falo como quem já viu muitas dessas negociações — é que quanto mais se estica o elástico, maior a chance de romper. Espero estar errado, mas o cheiro no ar não é dos melhores.
Resta saber se Temer conseguirá fazer o que tantos outros prometeram e não cumpriram: destravar de vez esse acordo. A torcida é grande, mas o ceticismo também.