
Pois é, o mercado imobiliário de alto padrão em São Paulo vive seus próprios dramas — e capitais milionários para resolvê-los. Dessa vez, a jogada veio de uma construtora que, não satisfeita em erguer um prédio luxuoso na região da Faria Lima, precisou desembolsar nada menos que R$ 67 milhões em títulos da dívida pública para acertar as contas com a prefeitura.
Nada como um cheque gordo para destravar a vida — ou, nesse caso, a ocupação de um empreendimento cheio de firulas e assinado por um dos arquitetos mais badalados do país. A jogada financeira, diga-se, foi condição sine qua non para a tão sonhada regularização. Sem isso, o prédio ficaria naquele limbo jurídico que deixa todo mundo de cabelo em pé: investidores, compradores e até o síndico.
Um acerto de contas (bem) alto
O valor, pago em títulos públicos, não foi mero capricho. A quantia serviu para quitar obrigações financeiras relativas ao projeto perante o município — uma daquelas exigências que, se ignoradas, travam até a emissão do habite-se. E olha, com um prédio nessa localização, cada dia de atraso vale ouro. Ou melhor, muito, muito concreto e vidro blindado.
Não é todo dia que se vê uma movimentação dessas. R$ 67 milhões em papéis do governo para regularizar um único endereço? Sinal claro de que o apetite por imóveis de luxo segue firme — e de que alguém, lá atrás, subestimou a burocracia. Ou será que entrou no jogo sabendo que, um dia, a conta chegaria?
Além do valor: o que está por trás da negociação?
Especula-se — porque sempre há um quê de mistério nessas transações — que a regularização pode estar ligada a contrapartidas urbanísticas ou até a revisão de outorga onerosa. Às vezes, a prefeitura flexibiliza alguns metros quadrados a mais de área construída, mas depois cobra o pepino em forma de títulos. Algo como ‘pega agora, paga depois’ — com juros, claro.
E não se engane: operações assim não são raras, mas dificilmente alcançam valores tão expressivos. Isso só mostra o tamanho do empreendimento e, claro, a localização privilegiada. A Faria Lima não é para amadores. É território de grandes grupos, fundos de investimento e gente que não economiza na vista para o skyline paulistano.
No fim, a moral da história é uma só: dinheiro resolve (quase) tudo. Até a papelada mais embolorada de um prédio chique. Agora, com a regularização em dia, os apartamentos — que já valiam uma pequena fortuna — tendem a valorizar ainda mais. Quem comprou no lançamento deve estar esfregando as mãos.
Já pensou? Só mais um capítulo na selva de pedra — com direito a final feliz (e caro).