
Pois é, a situação está feia mesmo. Enquanto muita gente ainda batalha por uma oportunidade, o comércio brasileiro está com um problema inverso e, pra ser sincero, bem peculiar: as vagas estão lá, disponíveis, mas simplesmente não aparecem candidatos para preenchê-las. Não é exagero. Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNS) apontam que estamos diante da maior carência de trabalhadores dos últimos cinco anos.
O segundo trimestre deste ano fechou com um dado que dá o que pensar: mais de 240 mil postos de trabalho formais estavam esperando por alguém. Algo simplesmente inédito desde 2020. E olha que a gente já viu cada coisa, não é mesmo?
Um Descompasso que Preocupa
O que está por trás desse fenômeno? Bom, a explicação não é única, mas um emaranhado de fatores. A retomada econômica, ainda que aos trancos e barrancos, fez o consumo dar uma aquecida. As lojas precisam de gente para atender o público. Só que aí esbarram em dificuldades para atrair e, principalmente, reter os profissionais. Os salários, muitas vezes, não acompanham as expectativas – e a concorrência de outros setores, como serviços e tecnologia, acaba seduzindo a mão de obra.
Não é simplesmente uma questão de "ninguém quer trabalhar", como alguns podem apressadamente concluir. A realidade é bem mais complexa. Há uma busca por condições melhores, horários mais flexíveis e, claro, remuneração que compense o esforço. Quem está no páreo hoje, especialmente os mais jovens, avalia outras opções antes de bater ponto no balcão de uma loja.
As Consequências Práticas
E aí, o que acontece na prática? O caixa fica fechado por falta de um operador. O atendimento ao cliente fica lento, sobrecarregando quem está presente. O estoque demora a ser organizado. São pequenos gargalos que, somados, impactam diretamente o funcionamento do estabelecimento e, consequentemente, a experiência de quem compra. Um verdadeiro efeito dominó que prejudica todo mundo: empresários, funcionários e consumidores.
É um sinal amarelo forte para a economia. Um comércio que não consegue operar na sua capacidade plena gera menos riqueza, recolhe menos impostos e perde fôlego para crescer. Parece um daqueles problemas silenciosos, mas que tem um potencial danoso enorme no longo prazo.
O recado da CNS é claro: é preciso criar condições mais atrativas. Se o problema persistir, a conta pode chegar para toda a sociedade. E ninguém quer isso, certo?