
Meio século. Cinco décadas inteiras de perguntas sem resposta, de lacunas na história familiar, de uma ausência que doía mais por não saber exatamente o que aconteceu. Até agora.
A família de Manoel Alves Bezerra finalmente conseguiu fechar um capítulo doloroso de suas vidas. A Justiça do Rio Grande do Norte emitiu uma nova certidão de óbito que reconhece o que todos já sabiam, mas que o Estado teimava em não admitir: ele foi vítima fatal da ditadura militar brasileira.
Uma Vida Interrompida Brutalmente
Manoel tinha apenas 26 anos quando desapareceu. Jovem, cheio de planos - um potiguar como tantos outros, mas que teve seu destino tragicamente alterado pela máquina repressora do regime. O ano era 1974, um dos períodos mais sombrios da nossa história recente.
Sua morte, até então registrada de forma vaga como "causas indeterminadas", agora ganha a verdade que merece. A nova certidão especifica claramente: "morte não natural, decorrente de lesões e maus-tratos sofridos durante interrogatório por agentes do Estado no período da ditadura militar brasileira".
O Longo Caminho até a Verdade
Ufa! Que caminho árduo percorreram os familiares. Imagine esperar 50 anos por um pedaço de papel que, no fundo, só diz o que você já sabia no íntimo? A batalha judicial foi movida pelo Ministério Público Federal - MPF, sempre na trincheira por memória e justiça.
O caso ganhou força após investigações da Comissão Nacional da Verdade, que escancarou o que muitos preferiam manter escondido debaixo do tapete. Documentos, testemunhos, evidências - tudo convergia para uma verdade inconveniente, mas inegável.
Mais que um Documento, um Alívio
Para a família, essa certidão representa algo que vai muito além do jurídico. É o reconhecimento oficial de uma dor que atravessou gerações. É a possibilidade de, finalmente, honrar a memória de Manoel com a verdade que lhe era devida.
E pensar que casos como este ainda são muitos pelo Brasil afora. Quantas histórias similares ainda aguardam por seu desfecho? Quantas famílias ainda carregam o peso do não-saber?
O caso de Manoel Bezerra nos lembra, de forma crua, que a busca por verdade e justiça é um processo contínuo. Demorado, sim. Doloroso, com certeza. Mas fundamental para que erros do passado não se repitam no futuro.
Enquanto isso, no Rio Grande do Norte, uma família finalmente pode respirar aliviada. Meio século depois, a verdade prevaleceu.