Justiça dá lição em prefeitura: Candidata com câncer de mama vence batalha por vaga em concurso
Justiça anula reprovação por câncer de mama em concurso

Imagine dedicar meses de estudo, superar as dificuldades de uma doença grave como o câncer de mama, e ainda assim ser barrada na reta final de um concurso público por causa da sua condição de saúde. Foi exatamente isso que aconteceu com uma candidata em Sapucaia do Sul — e a Justiça não ficou quieta diante dessa situação.

A história, que parece sair de um roteiro de filme sobre injustiças cotidianas, ganhou um capítulo decisivo nesta semana. A mulher — cujo nome permanece em sigilo — havia sido simplesmente reprovada no concurso da prefeitura local. O motivo? Sua batalha contra o câncer de mama.

O pulo do gato jurídico

Agora vem a parte que faz a gente pensar: será que os avaliadores sequer entenderam o que estavam fazendo? A 6ª Vara Federal de Porto Alegre deu uma verdadeira aula sobre direitos fundamentais. O juiz não apenas anulou a decisão da prefeitura como estabeleceu um prazo curto e seco: apenas cinco dias para que a administração municipal repense toda a situação.

O que mais choca nesse caso todo é a falta de bom senso. A candidata estava em tratamento oncológico, sim. Mas isso a impediria de exercer suas funções? A resposta da Justiça foi um retumbante "não". A liminar concedida pelo magistrado deixa claro que a administração pública precisa avaliar se há realmente alguma incompatibilidade entre a saúde da candidata e o cargo almejado.

Um precedente importante

Esse caso vai além dessa candidata específica. Estamos falando de um precedente que pode — e deve — ecoar por outros municípios e esferas do serviço público. A mensagem é clara: condições de saúde não podem ser usadas como barreira automática em processos seletivos.

O que me faz coçar a cabeça é pensar quantas pessoas talvez tenham passado por situações similares e simplesmente desistiram da briga. Essa mulher, ao contrário, decidiu enfrentar o sistema — e venceu a primeira batalha.

A prefeitura de Sapucaia do Sul agora se vê numa saia justa. Além de ter que rever sua própria decisão, precisa se explicar perante o Ministério Público Federal, que acompanha o caso de perto. Alguém ali claramente subestimou tanto a resiliência da candidata quanto o alcance da Justiça quando se trata de garantir direitos básicos.

No fim das contas, a história nos lembra de algo fundamental: o acesso aos cargos públicos precisa ser pautado pela meritocracia real, não por preconceitos disfarçados de "avaliações médicas". E quando o sistema falha, ainda bem que existe instâncias para corrigir esses equívocos.