Delegada sofre injúria racial em live e desabafa: 'É muito desconforto e indignação'
Delegada sofre injúria racial em live e desabafa

O que deveria ser uma rotina de trabalho transformou-se em cena de horror. Durante uma transmissão ao vivo pela internet, a delegada Tatiane Brittes, que atua na Delegacia de Atendimento à Mulher de Campo Grande, ouviu algo que corta como faca: "sua macaca". Sim, você leu certo.

O episódio aconteceu na última terça-feira, mas a ferida — essa sim — permanece aberta. A autoridade policial, acostumada a lidar com crimes contra mulheres, tornou-se ela própria vítima. E no exercício da função, algo que deveria ser sagrado.

O momento do crime

Imagine a cena: Tatiane participava de uma live quando um usuário, protegido pelo anonimato que a internet proporciona, soltou a ofensa racial. Não foi um deslize, não foi brincadeira. Foi crime, puro e simples.

"É muito desconforto, muita indignação", confessou a delegada, em entrevista ao G1. E quem pode culpá-la? O racismo, esse fantasma que insiste em assombrar nossa sociedade, mostrou mais uma de suas faces cruéis.

As consequências do ato

O que muita gente não entende — ou se faz de desentendida — é que injúria racial não é "apenas" uma ofensa. É uma violência que fere a alma, que humilha, que diminui. E quando a vítima é uma autoridade, o caso ganha contornos ainda mais complexos.

Tatiane já protocolou representação contra o agressor. A Polícia Civil abriu inquérito e, pasmem, identificou o suspeito. Um homem de 41 anos, que agora responderá criminalmente por seus atos.

O peso do racismo velado

O mais revoltante? A delegada acredita que a agressão partiu de alguém que não gostou de suas postagens anteriores sobre combate ao racismo. Ironia cruel, não?

"É como se a pessoa dissesse: 'cala a boca, você não pode falar sobre isso'". E é exatamente essa mentalidade que precisa ser combatida com unhas e dentes.

O caso serve de alerta. Mostra que o racismo não escolhe vítimas — atinge desde cidadãos comuns até autoridades. E revela, também, a coragem de quem não se cala diante da discriminação.

Tatiane prometeu não se calar. E nós, sociedade, temos o dever de aplaudir — e apoiar — essa decisão. Porque silêncio, diante do racismo, é cumplicidade.