Defensoria Pública pede perdão presidencial a Lula para indígena vítima de estupro em cadeia e condenada por homicídio no AM
Defensoria pede perdão a Lula para indígena vítima de estupro

Eis uma daquelas histórias que parecem saídas de um pesadelo distópico, mas aconteceram bem aqui, no coração da Amazônia. Uma mulher indígena, cujo nome resguardo por ética profissional – embora já tenha sido exposta de todas as formas possíveis – viveu uma sequência de horrores que desafia a compreensão.

Tudo começou com uma acusação de homicídio. Já aí, a coisa cheirava mal. Mas o que veio depois… bem, depois a situação descambou para o inacreditável.

O duplo castigo: a cela e a violência

Em vez de encontrar proteção no Estado, ela encontrou seu algoz. Dentro de uma delegacia de Manacapuru, município a uns 100 quilômetros de Manaus, a indígena foi estuprada. Sim, você leu certo. No mesmo lugar que deveria garantir sua segurança, ela foi submetida a uma das formas mais cruéis de violência.

O agressor? Um policial civil. A vítima? Alguém sob custódia do Estado. A ironia é tão amarga que dói.

A Defensoria entra em cena

Diante desse cenário dantesco, a Defensoria Pública do Amazonas decidiu não cruzar os braços. Eles moveram mundos e fundos – ou melhor, petições e recursos – até chegar ao topo: a Presidência da República.

O pedido é direto: perdão presidencial para anular a condenação por homicídio. A argumentação? De uma lucidez cortante. Como manter uma condenação penal quando o próprio Estado falhou grotescamente em sua obrigação de proteger a ré?

A Defensoria foi além do óbvio. Eles lembraram ao Ministério da Justiça que a vítima já cumpriu pena preventiva suficiente – quase um ano atrás das grades. Que a gravidade do crime pelo qual foi condenada não justifica a sentença atual. E, o mais importante, que o estupro sofrido na delegacia representa uma violação tão grave que contamina todo o processo.

O silêncio que grita

Aqui vem o detalhe mais revoltante: o policial acusado do estupro foi denunciado pelo Ministério Público em fevereiro. Mas adivinhem? O processo judicial contra ele ainda não começou. Enquanto isso, a vítima segue carregando o peso de uma condenação que parece cada vez mais injusta.

Não se trata de defender impunidade para homicídio – longe disso. Trata-se de reconhecer que a justiça precisa ser cega, mas não surda. Não pode ignorar que uma parte fundamental desse processo foi corrompida pela própria instituição que deveria zelar pela lei.

O caso agora repousa nas mãos do Ministério da Justiça, que precisa se manifestar antes de chegar à mesa presidencial. Resta saber se o apelo da Defensoria encontrará eco num sistema frequentemente lento e burocrático.

Enquanto isso, uma mulher indígena aguarda. Sua história nos lembra que, às vezes, a fronteira entre justiceiro e algoz pode ser tênue demais.