
Era uma madrugada qualquer na BR-401, aquela estrada que corta Roraima como uma cicatriz no mapa, quando a viatura da Polícia Militar topou com uma cena que, convenhamos, não é exatamente incomum por aquelas bandas — mas que nunca deixa de causar certa apreensão.
Vinte e três pessoas. Todas cubanas. Caminhando pela rodovia como quem segue um sonho — ou pelo menos a promessa de um recomeço longe da ilha caribenha.
O horário? Por volta das 4h da manhã desta quinta-feira. O local? Um trecho da BR-401, bem na altura do município de Pacaraima, fronteira seca com a Venezuela. Parece que estavam seguindo a pé em direção ao sul do Brasil, provavelmente imaginando que as coisas por aqui seriam mais fáceis.
O que a polícia descobriu
Segundo a PM, o grupo foi abordado durante uma operação de rotina — aquelas que acontecem quando a maioria de nós ainda está dormindo. Nenhum deles possuía documentação regularizada, o que, vamos combinar, não chega a ser surpresa nessas circunstâncias.
Eis que surge a pergunta: o que fazer com vinte e três almas perdidas numa estrada escura?
A resposta veio em forma de protocolo: após a abordagem, todos foram encaminhados para a Delegacia de Polícia Civil mais próxima. Lá, o caso passaria para as mãos da Polícia Federal, que tem a competência para lidar com situações de imigração.
Um retrato da realidade migratória
Esta situação joga luz sobre um fenômeno que tem se repetido com frequência preocupante na fronteira norte do Brasil. Cubanos — e não são poucos — têm usado Roraima como porta de entrada para tentar a vida em outras regiões do país.
O fluxo migratório pela BR-401 não é novidade, mas cada novo caso como esse revela a complexidade do tema. São pessoas que deixam tudo para trás em busca de... bem, de algo melhor, suponho.
O que me faz pensar: quantas histórias de esperança e desespero passam despercebidas por aquelas estradas todas as noites?
Agora, o destino desses 23 cubanos depende dos trâmites burocráticos — aquela engrenagem lenta que define vidas em formulários e processos. A PF vai avaliar cada caso individualmente, decidindo sobre pedidos de refúgio ou mesmo sobre deportação.
Enquanto isso, a BR-401 continua lá, testemunha silenciosa de tantas outras jornadas que ainda estão por vir.