
Parece que no Planalto a gente não pode comemorar vitória por muito tempo, né? Mal a poeira baixou com a notícia boa da Selic caindo para 10,25% — algo que há pouco tempo parecia sonho distante — e já surge uma tempestade perfeita no horizonte político.
E olha, não é chuva de verão não. É aquela trovoada feia que anuncia problema sério.
O que está pegando fogo nos bastidores
Acontece que Fernando Haddad, nosso ministro da Fazenda, e Rui Costa, da Casa Civil, estão travando uma daquelas brigas que deixam até os mais experientes em Brasília de cabelo em pé. E não é por pouco — a parada aqui é o controle dos cargos de indicação política no governo.
Pensa comigo: Haddad, coitado, tenta emplacar seus nomes em posições estratégicas, mas esbarra num muro chamado Rui Costa. O cara da Casa Civil simplesmente não larga o osso — controla com unhas e dentes as indicações, deixando o ministro da Fazenda numa saia justa danada.
E o que isso tem a ver com a Selic?
Tudo, meu amigo. Tudo mesmo.
Essa patifaria política — desculpa a franqueza — está minando a credibilidade do governo lá fora. Os mercados, aqueles bichos assustadiços, começam a coçar a cabeça e se perguntar: "Peraí, esse governo tem rumo ou tá todo mundo remando pra lado diferente?"
E quando o mercado fica com o pé atrás, adivinha o que acontece? A tal da "prêmio de risco" sobe. Traduzindo: os juros futuros disparam, o dólar vai pra lua e todo o trabalho duro do Banco Central vai por água abaixo.
É como construir um castelo de areia na praia e chegar uma onda gigante.
Os números não mentem (mas as panelinhas atrapalham)
Olha só que ironia do destino: a inflação está se comportando melhor que criança em visita à vovó. O IPCA-15 de maio veio com aumento de só 0,44% — um desempenho que deixaria qualquer economista sorrindo.
Mas aí a gente esbarra naquela velha máxima brasileira: "o que a natureza dá, a política leva".
Enquanto os técnicos suam a camisa para manter a economia nos trilhos, os políticos lá em cima brincam de guerra de egos. E no final, quem paga o pato somos nós, contribuintes.
O xadrez do poder
Rui Costa, diga-se de passagem, não é nenhum novato nesse jogo. O homem construiu sua carreira na base da política baiana — e sabe como ninguém a arte de distribuir cargos. Mas será que tanta habilidade política não está atrapalhando a gestão econômica?
Haddad, por outro lado, tenta emplacar uma agenda de responsabilidade fiscal que depende — e muito — de ter gente competente e alinhada nos lugares certos. Sem isso, é como tentar dirigir um carro com o câmbio quebrado.
É uma sinuca de bico, pra ser sincero.
E o Lula nessa história toda?
Boa pergunta. O presidente parece estar naquele dilema clássico: como equilibrar as ambições políticas do seu partido com as necessidades técnicas da economia?
É tipo malabarista de circo tentando manter dez pratos girando ao mesmo tempo. Um descuido e — crash! — tudo vai pro chão.
O pior é que o timing não poderia ser pior. A economia finalmente dá sinais de recuperação, os juros caem, a inflação se acalma... e aí a política resolve dar as caras com suas panelinhas e interesses.
Parece até aquela piada do sujeito que sempre arruma problema na hora errada.
O que esperar do futuro?
Difícil dizer. Se essa briga interna não for resolvida rápido, a gente pode ver aquela cena triste: a maior vitória econômica do governo Lula — a queda consistente dos juros — indo pro ralo por causa de picuinha política.
E o mais irônico? Não vai ser por falta de competência técnica ou por fatores externos. Vai ser por causa de uma velha conhecida nossa: a politicagem de sempre.
Que triste, não é mesmo?