COP30 impulsiona economia do Pará com 85 mil novas empresas em 2025
Legado da COP30 já impacta economia de Belém

A Conferência do Clima da ONU começou oficialmente nesta sexta-feira (7) em Belém, mas seus efeitos econômicos já transformam a realidade da capital paraense há meses. O evento global se revela um catalisador de desenvolvimento, com números expressivos que mostram uma cidade em plena ebulição econômica.

Impacto econômico imediato

Dados oficiais do governo do Pará revelam que 84.894 novas empresas foram registradas no estado entre janeiro e 27 de outubro de 2025. Este número representa um crescimento significativo de 22,39% em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando foram contabilizadas 69.360 aberturas.

O perfil desses novos negócios mostra a força do empreendedorismo individual: 63.913 registros são de Microempreendedores Individuais (MEI), demonstrando como a economia local está se dinamizando na base.

O governador Hélder Barbalho afirmou que o PIB do Pará deve crescer cerca de 3% em 2025, sendo que um terço desse crescimento é impacto direto da COP30 em Belém. "Demoraria certamente muito tempo para que tudo isso pudesse ficar pronto. Em dois anos se transformou em realidade", declarou o governador.

Turismo em expansão acelerada

Os números do setor turístico confirmam a transformação pela qual Belém está passando. O estado deve receber aproximadamente 1,5 milhão de visitantes ao longo de 2025, um aumento de 20% em relação ao ano anterior.

O aeroporto internacional de Belém vive um momento histórico: entre janeiro e setembro de 2025, registrou um aumento de 90% nos voos internacionais comparado ao mesmo período de 2023. As operações regulares saltaram de 720 para 1.365.

Durante os dias da COP30, a expectativa é que mais de 508 mil pessoas circulem pelo aeroporto em mais de 3 mil voos programados, quase o dobro do movimento registrado no mesmo intervalo de 2024.

Infraestrutura e legado permanente

O maior símbolo físico da COP30 é o Parque da Cidade, construído na área do antigo aeroporto. Com 500 mil m², o espaço já recebeu mais de 670 mil visitantes em menos de dois meses de funcionamento e será a sede principal das atividades da conferência.

Na orla, cinco galpões históricos foram restaurados, dando origem ao Complexo Porto Futuro. O espaço reúne equipamentos inéditos na Região Norte, incluindo o Museu das Amazônias, a Caixa Cultural, o Armazém da Gastronomia e o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia.

O ministro das Cidades, Jader Filho, enxerga na COP30 uma oportunidade única para Belém: "Cidades como Rio, Nova York ou Paris. Qual é o grande motor? Não é o turismo? Belém vai sair depois disso com essa visibilidade".

Desafios persistentes

Apesar dos avanços, Belém ainda enfrenta problemas históricos de infraestrutura. A cidade é uma das piores do país em saneamento básico, com cerca de 80% da população sem acesso a esgoto tratado.

O professor Guarany Osório, pesquisador da FGV EAESP, alerta que "os impactos das mudanças climáticas podem agravar ainda mais essa situação de déficit de saneamento aumentando as desigualdades sociais e sanitárias".

Tanto o governador quanto o ministro admitem que o saneamento continua sendo um dos principais desafios. A nova concessão do serviço promete universalizar água e esgoto até 2033, mas o caminho ainda é longo.

O legado da COP30 em Belém já é mensurável em números concretos, mas seu verdadeiro teste será a capacidade de manter o impulso de desenvolvimento após o término do evento global.