
Parece que a Argentina não consegue encontrar uma saída para esse labirinto inflacionário. Sabe aquele desespero que dá quando você vai ao mercado e vê os preços subindo quase que diariamente? Pois é, os argentinos estão vivendo isso na pele, e setembro trouxe mais uma rodada de más notícias.
Os números são de assustar até os economistas mais veteranos. A inflação mensal saltou para 12,7% em setembro — sim, você leu direito, em apenas um mês! E se olharmos para o acumulado do ano, a situação fica ainda mais preocupante: 138,3%. É como se o dinheiro perdesse valor enquanto você conta as notas.
O câmbio como vilão principal
Aqui está o pulo do gato que pouca gente percebe: o grande motor dessa inflação descontrolada tem sido a disparada do dólar paralelo. Enquanto o governo tenta segurar as pontas com controles artificiais, o mercado paralelo dita as regras de verdade. E adivinha? Os preços nas prateleiras seguem o ritmo do câmbio negro.
Não é difícil entender por que isso acontece. Os comerciantes, com medo de tomar prejuízo, repassam imediatamente qualquer alta do dólar paralelo para os produtos. É uma dança macabra onde quem se ferra é sempre o consumidor final.
Setores mais castigados
Alguns setores sofreram mais que outros, claro. Comunicações liderou o ranking dos mais inflacionados — parece que até para reclamar dos preços está ficando mais caro. Seguindo na lista, temos:
- Transporte (ônibus, táxis, combustíveis)
- Alimentação e bebidas
- Restaurantes e hotéis
- Eletrodomésticos e eletrônicos
Ou seja, do básico ao supérfluo, tudo ficou mais caro. Até aquele cafezinho no bar da esquina deve estar pesando no bolso dos portenhos.
E as medidas do governo?
Bem, o governo argentino tentou de tudo — ou quase tudo. Congelamento de preços, controle de câmbio, subsídios... mas a realidade é teimosa. A confiança na moeda local está tão abalada que muitos argentinos preferem guardar suas economias em dólar, mesmo sabendo dos riscos do mercado paralelo.
É aquela velha história: quando as pessoas perdem a fé na moeda, não há controle que segure. A economia vira um barco à deriva em mar revolto.
Aliás, você se lembra da hiperinflação dos anos 80? Pois é, os mais velhos na Argentina devem estar tendo déjà vu. A diferença é que agora o mundo todo está de olho, e as consequências podem ser ainda mais globais.
O que esperar do futuro?
Olha, ser economista não é dar bola de cristal, mas alguns sinais são preocupantes. Com a aproximação das eleições, a tendência é que a incerteza política alimente ainda mais a instabilidade econômica. E quando o mercado sente cheiro de incerteza, o câmbio dispara — e os preços vão junto.
Parece brincadeira, mas a Argentina vive um ciclo vicioso que nem o mais criativo dos roteiristas conseguiria inventar: câmbio sobe → inflação dispara → poder de compra cai → economia desacelera → desespero aumenta → câmbio sobe mais ainda.
Enquanto isso, o cidadão comum se vira nos trinta para sobreviver. Muitos recorrem a trabalhos extras, outros diminuem o consumo do essencial, e alguns — os mais afortunados — buscam alternativas no exterior. Triste, não?
O certo é que setembro enterrou qualquer esperança de melhora imediata. A inflação voltou com força total, e a sensação é que a Argentina precisa de mais do que medidas paliativas para sair desse buraco. Precisa de um milagre — ou pelo menos de um plano que convença o mercado de que há luz no fim do túnel.
Por enquanto, o que resta é acompanhar os números e torcer para que outubro traga algum alívio. Mas, entre nós, as perspectivas não são nada animadoras. O peso continua caindo, e junto com ele, a qualidade de vida de milhões de argentinos.