
Os números chegaram e são de cortar o coração. O Censo 2022, aquela pesquisa gigantesca que o IBGE faz de dez em dez anos, trouxe um retrato do Brasil que muita gente desconfiava, mas que agora está documentado em preto no branco. E a realidade é mais dura do que se imaginava.
Pense bem: de cada três trabalhadores brasileiros, um vive com o equivalente a um salário mínimo. Não é brincadeira. São 34,2% da população economicamente ativa — isso significa aproximadamente 33,7 milhões de pessoas — que precisam se virar com até R$ 1.212 por mês. Difícil, né?
O abismo que separa os brasileiros
Mas a coisa fica ainda mais complicada quando a gente olha os detalhes. A pesquisa mostrou que:
- Quase 10% dos trabalhadores (9,7%) ganham menos de um salário mínimo
- Outros 24,5% recebem exatamente um salário mínimo
- E pasmem: apenas 2,3% da população tem rendimentos acima de 10 salários mínimos
É como se o Brasil fosse um prédio de vários andares, onde a maioria mora no térreo e poucos conseguem subir até o último andar. A escada social, parece, está com os degraus quebrados.
Mulheres e negros: os mais afetados
Aqui vem a parte que me deixa realmente pensativo. As desigualdades históricas do país se refletem nesses números de forma cristalina. As mulheres, por exemplo, representam 40,8% dos que ganham até um salário mínimo. Já os homens são 28,3%. Diferença que dói no bolso.
E quando a gente fala de raça? A situação é ainda mais complicada. Entre os trabalhadores brancos, 26,8% estão nessa faixa de renda. Mas quando olhamos para pretos e pardos, o número salta para 38,7%. Quase quarenta por cento! Não é à toa que se fala em dívida histórica.
Onde estão esses trabalhadores?
O Nordeste concentra a maior fatia desse bolo amargo — 45,4% dos trabalhadores da região vivem com até um salário mínimo. O Norte vem logo atrás, com 42,7%. Enquanto isso, o Sul apresenta o menor percentual (23,3%), seguido pelo Sudeste (28,9%).
E tem mais: a agricultura é o setor que mais concentra baixos rendimentos, com impressionantes 60,8% dos trabalhadores ganhando até um salário mínimo. Depois vem os serviços domésticos (54,2%) e a construção (43,3%).
E a educação nessa história?
Ah, a educação... Ela aparece como uma espécie de escudo contra a baixa renda, mas nem sempre funciona como a gente espera. Entre quem tem ensino superior completo, apenas 7,8% recebem até um salário mínimo. Já entre os sem instrução ou com fundamental incompleto, o número explode para 61,3%.
Mas sabe o que é intrigante? Mesmo com diploma na mão, tem gente se virando com muito pouco. Isso me faz pensar se o problema não é maior do que imaginamos.
O que esses números realmente significam?
Olha, não é exagero dizer que estamos diante de um retrato social preocupante. Quando mais de um terço da sua força de trabalho vive com o mínimo — e olhe lá —, alguma coisa precisa ser repensada.
É como se o país estivesse carregando um peso nas costas que dificulta cada passo em direção ao desenvolvimento. E o pior: são milhões de brasileiros que, dia após dia, mostram uma resistência impressionante para sobreviver com tão pouco.
Os dados estão aí. Agora, o que vamos fazer com eles? Fica a pergunta no ar, enquanto 33,7 milhões de pessoas continuam sua batalha diária por uma vida digna.