
Parece que a política comercial global está prestes a virar um jogo de xadrez de alto risco. E o Brasil? Bem, não está de braços cruzados.
Numa declaração que mistura diplomacia com um fio de provocação, o vice-presidente Geraldo Alckmin — que também comanda a pasta de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços — mandou um recado claro para o outro lado do hemisfério. O tal "tarifaço" que Donald Trump ameaça reimpor? Segundo Alckmin, se a bola estiver com o Brasil, essa história pode ter vida curta. Muito curta.
"Se depender de nós, acaba amanhã", soltou o vice-presidente, com uma tranquilidade que fez mais de um analista financeiro levantar a sobrancelha. A fala, dada durante um evento sobre inovação em São Paulo, não foi um desabafo, mas um posicionamento estratégico. Quase um cheque em branco na mesa de negociações.
O que está por trás da ameaça de Trump?
O republicano, que busca retornar à Casa Branca, prometeu — caso eleito — retomar políticas protecionistas agressivas. Isso inclui tarifas de 10% sobre importações de praticamente todo o mundo, e de 60% especificamente sobre produtos chineses. Uma medida que, na visão dele, "protege a indústria americana". Na visão de outros, é um tiro no pé da economia global.
O Brasil, claro, não quer nem ouvir falar nisso. Afinal, somos um dos maiores exportadores de commodities do mundo — de suco de laranja a minério de ferro, passando pela proteína animal que alimenta meio planeta. Qualquer barreira extra significa menos dólares entrando no país, menos empregos, menos tudo.
E o que o Brasil pode fazer, afinal?
Aqui é onde a coisa fica interessante. Alckmin não detalhou o plano de ação — até porque jogo de poker não se revela antes da hora. Mas especialistas ouvidos pela reportagem apostam em algumas jogadas:
- Diplomacia agressiva: Reforçar alianças com outros países também afetados, formando uma frente comum contra o protecionismo norte-americano.
- Retaliação inteligente: Aplicar contrapartidas em produtos estratégicos que os EUA compram do Brasil — o que pode doer no bolso do agricultor ou do industrial americano.
- Recurso à OMC: Levar a disputa para a Organização Mundial do Comércio, arena onde guerras tarifárias viram processos arrastados — mas muitas vezes eficazes.
Não vai ser fácil, claro. Trump não é exatamente conhecido por recuar. Mas Alckmin, com sua experiência de quatro décadas na política, parece disposto a encarar o desafio. Resta saber se a estratégia será enough para evitar uma nova tempestade comercial.
Uma coisa é certa: os próximos capítulos dessa novela prometem. E o Brasil, diferente de outras vezes, não parece disposto a apenas reagir. Está partindo para o ataque.