Banco Central mantém juros em patamar elevado com tom rigoroso
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros da economia brasileira em 15% ao ano, em reunião realizada em novembro de 2025. O comunicado oficial do comitê chamou a atenção de especialistas pelo tom considerado duro e pela utilização estratégica da palavra "mas" em trechos importantes do documento.
Análise detalhada do comunicado do Copom
Num texto composto por oito parágrafos, a conjunção adversativa "mas" aparece exatamente duas vezes no início do comunicado, segundo análise do economista Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. Para o especialista, essa escolha linguística não foi casual e cumpre um papel fundamental na mensagem que o Banco Central pretende transmitir ao mercado.
"O comitê reconhece o cenário, mas afirma que não é agora o momento de flexibilizar", destacou Moliterno em sua avaliação. O economista classificou o comunicado como "duro do início ao fim", com o "mas" funcionando como uma espécie de trava que indica a postura rígida da autoridade monetária.
Terminologia reforça manutenção de juros altos
Além da análise da palavra "mas", outros termos presentes no documento reforçam o cenário de manutenção da Selic em patamares elevados por mais tempo do que o mercado esperava. Expressões como "elevada incerteza", "cautela" e "estratégia de manutenção" aparecem no texto e indicam que o Banco Central não pretende ceder à pressão por redução dos juros no curto prazo.
Felipe Prata, sócio-fundador da Nest Asset Management, resumiu o espírito da mensagem do Copom de forma direta: "corte só com evidências, não com promessas". De acordo com a análise do economista, essa postura sugere que o primeiro movimento de flexibilização monetária só deve acontecer a partir de março de 2026.
A decisão ocorre sob o comando de Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central, que recentemente falou sobre o IOF em declarações ao mercado. A manutenção da taxa em 15% ao ano reflete a preocupação da autoridade monetária com o controle inflacionário e a estabilidade econômica, mesmo diante das expectativas do mercado por algum tipo de alívio nos juros.