
Parece que o fôlego do varejo brasileiro está chegando ao fim — pelo menos é o que sugerem os números de julho. Depois de alguns meses respirando aliviado com pequenas altas, o setor levou um tombo de 0,9% no período, segundo o Índice de Varejo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Não foi uma queda qualquer. Foi daquelas que fazem os economistas coçarem a cabeça e os lojistas perderem o sono. "A gente vinha num ritmo de recuperação lenta, mas constante. Essa reversão pega todo mundo de surpresa", comenta um analista que prefere não se identificar.
O que está por trás dos números?
Três palavrinhas mágicas (ou melhor, amaldiçoadas): inflação, juros e desemprego. A combinação perfeita para frear o consumo:
- Os preços continuam subindo mais que o salário do brasileiro
- O crédito? Caro feito diamante
- E sem emprego, nem milagre segura as compras
E olha que julho é mês de férias escolares e promoções de meio de ano — normalmente um período mais animado para as vendas. "Tá difícil até pra vender descontos", brinca (sem graça) uma vendedora de shopping em São Paulo.
Setores mais afetados
Não foi pancada igual pra todo mundo. Alguns ramos sentiram mais o baque:
- Móveis e eletrodomésticos — queda de 2,3% (ninguém tá trocando a geladeira nessa crise)
- Vestuário e calçados — 1,8% pra baixo (roupa nova pode esperar)
- Hipermercados — recuo de 0,7% (até comida tá sendo racionada)
Curiosamente, farmácias e produtos de perfumaria seguraram as pontas com leve alta de 0,2%. "Remédio não tem jeito, a gente compra mesmo apertado", explica uma aposentada no Rio.
E agora? Os especialistas estão divididos. Uns acham que foi só um soluço no caminho da recuperação. Outros temem que seja o começo de uma nova fase ruim. Enquanto isso, o varejista brasileiro segue na corda bamba — equilibrando precificação, estoque e a esperança de que o segundo semestre traga algum alívio.