
Pois é, não é impressão não. Aquele boletozinho do supermercado que vem cada vez mais salgado tem nome e sobrenome: tarifas de importação dos Estados Unidos. A Quest, sempre antenada nas prateleiras e no bolso do consumidor, foi a fundo nesse caldeirão econômico que está fervendo — e os números são de assustar.
O que era uma tensão comercial lá longe, entre Washington e outras potências, chegou aqui com tudo. E como chegou. A pesquisa, feita entre os dias 15 e 19 de agosto, escancara uma realidade que muita gente já sentia, mas não tinha a dimensão. Uma mudança na política comercial de uma nação estrangeira ecoando no preço do pãozinho nosso de cada dia. Quem diria, hein?
O prato mais caro do dia
O arroz com feijão, a dupla imbatível da culinária nacional, está levando uma rasteira da geopolítica. Produtos básicos, aqueles que a gente nem pensa duas vezes na hora de comprar, foram os que mais sofreram. E aí, meu amigo, o buraco é mais embaixo. Não é só uma questão de ajuste de preço; é uma reação em cadeia, complexa e voraz, que começa num acordo rompido e termina no caixa do mercadinho da esquina.
O pior de tudo? A sensação de que a gente está refém de uma briga que não é nossa. O brasileiro médio, que já malabariza o orçamento para fechar as contas no fim do mês, agora tem que entender de comércio exterior para saber por que o óleo de soja ficou um absurdo. É de cair o queixo.
Além das aparências: o que os números não mostram
Claro, os percentuais de aumento são gritantes. Mas a pesquisa da Quest vai além dos gráficos. Ela captura um sentimento — uma frustração silenciosa que está se instalando na mesa das famílias. A pergunta que fica, ecoando nos corredores cheios de promoções relâmpago que não enganam ninguém, é: até quando?
Especialistas consultados pela pesquisa (gente boa, que entende do riscado) apontam que o efeito é mais profundo e pode ser mais duradouro do que se imaginava. A tal da globalização mostrou sua faceta mais cruel: a interdependência. Quando um espirra, o outro — no caso, nós — pega um resfriado fortíssimo.
E aí, o que fazer? Segurar as pontas, claro. Ficar de olho nos preços, procurar alternativas, marcar os mercados que ainda resistem à onda inflacionária. Mas, convenhamos, é uma guerra desigual. O consumidor, no fim das contas, é sempre o elo mais fraco dessa corrente. A gente se vira nos trinta, como sempre fez, mas com um gosto amargo de injustiça.
Uma coisa é certa: o assunto não vai esfriar tão cedo. Enquanto as tratativas diplomáticas não se resolvem, nosso carrinho de compras segue mais leve — mas só no peso, porque no valor… ai, ai.