
Eis que o brasileiro acorda mais uma vez tentando entender como as decisões de Brasília vão afetar seu já combalido orçamento. Desta vez, a bola da vez é o tal do "tarifaço" – porque parece que não basta a inflação, os juros altos e o preço da carne, não é mesmo?
O ministro da Justiça, Flavio Dino, deu ontem um veredito que ecoou pelos corredores do Planalto e, mais importante, pelos aplicativos de compras de milhões de consumidores. Aumento de 20% no imposto de importação para produtos de até cinquenta dólares. Sim, você leu certo: aquela blusinha da Shein, o fone de ouvido chinês, o gadget tecnológico – tudo mais caro.
O Que Significa Na Prática?
Parece abstracto, até você fazer as contas no carrinho de compras. Aquele produto que custava R$ 100 agora vai para R$ 120. Parece pouco? Multiplique por dez compras no mês. Some com o preço do combustível, do leite, do pão. O orçamento familiar, que já não era lá essas coisas, fica ainda mais apertado.
O governo argumenta – sempre argumenta – que a medida protege a indústria nacional. Mas cá entre nós: quantos desses produtos temos fabricando aqui com preço competitivo? A retórica é bonita, mas a realidade do consumidor é bem mais cinza.
O Xadrez Político Por Trás das Taxas
Lula está numa sinuca de bico. De um lado, a base aliada pressiona por protecionismo. Do outro, o consumidor votante sente no bolso. E no meio disso tudo, Dino – que já foi ministro do STJ e sabe das coisas – dá uma canetada que mexe com o tabuleiro inteiro.
O pessoal do Gecex (Grupo Executivo de Comércio Exterior) deve estar com dor de cabeça. Imaginem a reunião: de um lado os economistas tecendo considerações macroeconômicas, do outro os assessores políticos pensando nas próximas eleições municipais. Não é fácil governar.
E Agora, José?
O que esperar para os próximos meses? Bom, é provável que:
- As compras internacionais fiquem mais lentas – muita gente vai pensar duas vezes antes de clicar em "finalizar pedido"
- O mercado nacional tente aproveitar a brecha – será que vão aumentar os preços também?
- O governo tente emplacar uma narrativa de "defesa da economia brasileira"
- E nós, consumidores, vamos continuar fazendo malabarismo com o orçamento
No fim das contas, mais uma camada de complexidade numa economia que já não era simples. Resta torcer para que a tal "proteção à indústria nacional" realmente funcione – e não seja só mais um imposto disfarçado de boas intenções.
Porque no Brasil, como sabemos, entre a teoria na sala com ar condicionado e a prática no supermercado, há um abismo que ninguém parece disposto a atravessar.