Inflação teima em desafiar o BC: projeções recuam, mas ainda superam teto da meta às vésperas do Copom
Inflação recua, mas segue acima do teto antes do Copom

O cenário inflacionário no Brasil apresenta um alívio tímido às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), mas mantém um desafio persistente para as autoridades econômicas. As projeções mais recentes para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostram uma leve desaceleração, porém continuam firmemente acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central.

Panorama das expectativas

Segundo o último Relatório Focus, a mediana das expectativas para a inflação em 2024 recuou de 3,80% para 3,79%. Embora represente uma melhora marginal, o número permanece significativamente acima do centro da meta de 3% e muito próximo do limite superior de 4,5%.

Para 2025, o cenário se repete: as projeções caíram de 3,60% para 3,50%, mas ainda superam o centro da meta do ano seguinte, fixado em 3%.

Quatro anos de desafios inflacionários

Os dados revelam um padrão preocupante: esta será a quarta edição consecutiva do Relatório Focus que aponta expectativas de inflação acima do centro da meta para o ano corrente e para o seguinte. Essa persistência sinaliza que os agentes econômicos mantêm desconfiança estrutural sobre o controle de preços no país.

O que esperar do Copom?

Diante deste cenário, os olhos do mercado se voltam para a próxima reunião do Copom. Analistas avaliam que o comitê enfrenta um dilema complexo:

  • Manter a taxa Selic nos atuais 10,50% ao ano
  • Avaliar os riscos inflacionários ainda presentes
  • Considerar o cenário fiscal e externo
  • Balancear o crescimento econômico com o controle de preços

Contexto macroeconômico

O ambiente econômico atual apresenta fatores mistos que influenciam as decisões do BC. Por um lado, a desaceleração global e a estabilidade cambial recente oferecem algum alívio. Por outro, as pressões de custos e a incerteza fiscal continuam representando desafios significativos para o controle inflacionário.

Especialistas destacam que a credibilidade da política monetária está em jogo, exigindo do Copom uma comunicação clara e ações consistentes para ancorar as expectativas do mercado e garantir a convergência da inflação para as metas estabelecidas.