
Parece que o vento mudou de direção para a indústria nacional. Depois de um período eufórico – quase dois anos, para ser exato – a confiança dos industriais em relação às exportações deu uma bela de uma esfriada. É o que aponta a última sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta segunda-feira (4). O Índice de Expectativa de Exportações, um termômetro importantíssimo do setor, recuou 0,7 ponto em outubro, marcando 53,4 pontos. Pode não parecer muito, mas é a primeira queda desde dezembro de 2021, um baque e tanto.
E olha que a paridade cambial, teoricamente, estava a favor. O dólar lá em cima, tornando nossos produtos mais baratos lá fora, mas mesmo assim... a turma ficou com o pé atrás. Aquele ânimo todo parece ter encontrado um muro. A pesquisa, que ouviu mais de 1.900 empresas de todos os portes e cantos do país entre os dias 1º e 21 de outubro, captou esse frio na espinha.
Nem Tudo São Flores: A Visão Por Tamanho de Empresa
Aqui vem um detalhe crucial. A queda no otimismo não veio das gigantes, não. Quem puxou a preocupação para baixo foram justamente as pequenas e médias empresas. As grandes, com estrutura mais robusta, seguraram as pontas e mantiveram a expectativa praticamente estável. Já as menores, essas sim, deram uma segura significativa. É como se elas sentissem o choque primeiro, uma espécie de canário na mina de carvão da economia.
E não é para menos, né? O cenário internacional não está nada amigável – inflação global teimosa, guerras comerciais e geopolíticas criando um clima de incerteza danado. Quem é menor sente cada solavanco desse com muito mais força.
O Que Esperar do Futuro Próximo?
A grande pergunta que fica é: isso é só um susto, um resfriado passageiro, ou o começo de algo mais preocupante? A CNI, é claro, tenta dosar o alarmismo. O índice ainda está acima da linha dos 50 pontos, o que, em tese, indica que ainda há mais gente otimista do que pessimista. Mas a quebra de uma tendência de alta tão longa é, no mínimo, um sinal amarelo forte.
O receio de um possível 'tarifaço' – aquele fantasma de novos impostos sobre importações e exportações – também ronda os corredores das fábricas e tira o sono de muitos gestores. Ninguém quer ver a conta ficar mais cara e perder competitividade lá fora.
Resumindo a ópera: a festa de otimismo das exportações industriais deu uma pausa. Agora, é ver se foi só para pegar um fôlego ou se a música realmente está parando de tocar. Fiquemos de olho.