Bolsa brasileira vive momento histórico com sequência de recordes
O principal índice da bolsa de valores brasileira, o Ibovespa, registrou nesta sexta-feira (7) sua décima máxima histórica consecutiva, fechando com alta de 0,47% aos 154.064 pontos. O desempenho semanal foi ainda mais impressionante, com avanço de quase 3%. Desde o início de 2025, o índice da B3 já acumula 25 recordes de fechamento.
O que explica a disparada da bolsa?
Segundo especialistas consultados, dois fatores principais estão por trás dessa trajetória de valorização: os cortes de juros nos Estados Unidos e as expectativas de redução da taxa básica brasileira, a Selic.
A economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, explica que a mudança de postura do Federal Reserve (Fed) foi decisiva. "Com isso, os investidores estrangeiros voltaram a olhar para os mercados emergentes, especialmente para o Brasil, que ainda paga juros reais muito altos", analisa.
No dia 29 de outubro, o banco central americano reduziu os juros pela segunda vez em 2025, para a faixa de 3,75% a 4% ao ano - o menor patamar desde novembro de 2022. Esse movimento torna os investimentos em mercados emergentes como o Brasil mais atrativos.
Setores que impulsionam o Ibovespa
Ricardo Trevisan, CEO da Gravus Capital, destaca que o setor financeiro tem sido o grande motor do Ibovespa, com destaque para grandes bancos como Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e BTG Pactual.
"Esses bancos, juntos, representam cerca de 25% do índice e têm se beneficiado da manutenção da taxa Selic em patamares elevados, que sustenta margens de juros robustas e atrai investidores em busca de dividendos consistentes", afirma Trevisan.
Ariane Benedito também ressalta o bom desempenho de commodities como minério de ferro, petróleo e produtos do agronegócio, que fortalecem empresas importantes do índice.
Impactos na economia e no bolso do brasileiro
Para a população em geral, os efeitos da alta da bolsa são indiretos, mas significativos. A economista do PicPay explica que empresas que captam recursos via mercado de ações tendem a investir mais, gerando empregos e aumentando a arrecadação de impostos.
Há também uma possível melhora nos salários e o fortalecimento do real frente ao dólar, o que pode reduzir preços de importações e influenciar positivamente os preços ao consumidor.
Gustavo Jesus, sócio da Victrix Capital, fala em um ciclo virtuoso: "Quando a bolsa sobe, os investidores que lucram com isso tendem a consumir mais, o que ajuda a movimentar a economia. Além disso, empresas mais valorizadas conseguem captar recursos, ampliar investimentos e gerar empregos".
Perspectivas para o futuro
Os especialistas projetam cenários otimistas, mas com diferentes graus de cautela. Ricardo Trevisan, da Gravus Capital, acredita que o Ibovespa pode superar os 170 mil pontos, com potencial para atingir 180 mil no próximo ano.
Já Ariane Benedito mantém um "otimismo moderado" para o fim de 2025, projetando consolidação entre 148 mil e 155 mil pontos até dezembro. Para 2026, em um cenário positivo, o índice poderia alcançar 165 mil pontos, ou até 175 mil em condições mais favoráveis.
Gustavo Jesus adota postura mais cautelosa, lembrando que variáveis imprevisíveis podem afetar o mercado, e recomenda que investidores mantenham estratégias de longo prazo compatíveis com seu perfil de risco.
O desempenho do Ibovespa em 2025 já é histórico: entre janeiro e esta sexta-feira, o índice acumula alta de 28%, passando de 118.533 pontos em 3 de janeiro para os atuais 154.064 pontos.