
Não é de hoje que o jogo econômico entre Brasil e Estados Unidos parece uma partida de xadrez — com movimentos calculados e reviravoltas inesperadas. Mas, mesmo diante do recente anúncio de tarifas americanas sobre produtos brasileiros, a Fiesp decidiu não baixar a bola. A entidade manteve sua projeção de crescimento de 2,4% para o PIB nacional em 2024.
"A gente já esperava por essa jogada", comenta um analista que prefere não se identificar. "O impacto, na prática, deve ser mais barulho do que trovão." A avaliação é que o volume afetado representa menos de 0,5% das exportações brasileiras para os EUA — quase uma gota no oceano quando se olha para o panorama geral.
Por que tanta confiança?
Três fatores principais explicam esse otimismo teimoso da Fiesp:
- Resiliência do mercado interno: O consumo das famílias continua firme, puxado pela melhora no emprego e crédito mais acessível
- Diversificação comercial: Parcerias com China, União Europeia e países árabes reduziram a dependência exclusiva dos EUA
- Investimentos em infraestrutura: O PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) começa a mostrar resultados palpáveis
Não que tudo sejam flores — longe disso. O setor industrial ainda patina em alguns segmentos, e a taxa de juros, embora em queda, continua pesando no bolso das empresas. "É como dirigir na serra com o freio de mão puxado", brinca um empresário do ramo têxtil, pedindo para não ser identificado.
E os próximos passos?
Os especialistas ouvidos pela reportagem sugerem que o governo e o setor privado deveriam:
- Acelerar as negociações com outros blocos econômicos
- Investir pesado em inovação para agregar valor aos produtos
- Simplificar a burocracia para exportadores pequenos e médios
"Tem que jogar no ataque, não só na defesa", defende uma fonte do comércio exterior. Apesar dos ventos contrários, a sensação é que o Brasil está aprendendo — finalmente — a navegar nessas águas turbulentas do comércio global.