
Eis que a Câmara dos Deputados resolveu acelerar o passo – e que passo! – em um daqueles temas que interessam a quase todo mundo: o Imposto de Renda. Aprovou hoje, sem muito alarde mas com decisão firme, o regime de urgência para o projeto que promete tirar da malha fina quem ganha até dois salários mínimos.
Parece bom demais? A matemática é simples: com o piso nacional em R$ 1.320, a faixa de isenção saltaria para R$ 2.640. Uma mudança e tanto, que colocaria mais dinheiro no bolso de milhões de brasileiros.
O que muda na prática?
Se aprovado – e agora pode ser a qualquer momento –, o projeto altera a tabela vigente do IR. Quem recebe até R$ 2.640 mensais não pagaria mais um centavo ao Leão. Atualmente, a isenção só vale para rendimentos de até R$ 1.903,98. A diferença é significativa, não é mesmo?
Mas calma, não é só isso. A proposta também mexe nos outros patamares da tabela, ajustando as alíquotas para quem ganha acima desse valor. Um verdadeiro repensar na forma como taxamos o trabalho.
Os bastidores da votação
A manobra política foi rápida. O requerimento de urgência, apresentado pelo próprio presidente da Casa, Arthur Lira, passou como uma faca quente na manteiga. Sem discussão prolongada, sem enroscos. Agora, o texto pode ir a plenário sem precisar passar pelas comissões técnicas – um atalho que demonstra a pressa em virar lei.
Não é de hoje que esse debate esquenta os corredores do Congresso. A defasagem da tabela do IR é uma velha conhecida da população – todo ano a mesma história: correção abaixo da inflação, e o contribuente pagando mais.
Desta vez, a sensação é que há um vento favorável. Mas será?
E agora, o que esperar?
Com a urgência aprovada, a bola está com os líderes partidários. Eles que definirão quando o projeto entrará na pauta do plenário. Pode ser na próxima semana, pode ser só depois do recesso – política, como se sabe, não segue script.
Uma coisa é certa: se passar, o impacto no Orçamento da União será considerável. Menos arrecadação, é claro. Mas, em contrapartida, mais poder de compra para uma fatia grande da base da pirâmide. O governo federal, claro, vai ter que fazer as contas.
Fato é que a medida mexe no bolso de quase todo mundo. E, convenhamos, não é todo dia que se vê uma proposta saindo do papel com tanta agilidade. Resta saber se ela chegará intacta ao final do processo.
O jogo político está apenas começando. E seu dinheiro, é claro, está em jogo.