
O governo brasileiro resolveu botar o pé no chão. Depois que os Estados Unidos anunciaram uma investigação sobre supostas práticas desleais nas exportações de aço e alumínio do Brasil, a resposta veio rápida e firme. E não foi nada diplomática — foi quase um soco na mesa.
"Isso não tem cabimento", parece ter dito o Itamaraty entre linhas. Oficialmente, claro, o tom foi mais polido, mas a mensagem foi clara: o Brasil joga limpo e os americanos estão enxergando fantasmas onde não existem.
O que está em jogo?
Os números não mentem. O Brasil exporta cerca de 350 mil toneladas de aço por ano para os EUA — uma fatia pequena, mas significativa. O alumínio? Outros 10% da produção nacional seguem para lá. Se os americanos decidirem aumentar as tarifas (como já fizeram em 2018), a conta não fecha para os produtores brasileiros.
E olha que ironia: enquanto Washington acusa o Brasil de "subsídios distorcidos", esquecem de mencionar que seu próprio pacote de incentivos à indústria local — o famoso Inflation Reduction Act — é basicamente um manual de como distorcer o mercado. Hipocrisia? Talvez.
O jogo das cadeiras giratórias
Nos bastidores, a estratégia brasileira tem sido:
- Apresentar dados concretos que refutam as acusações
- Mobilizar o setor privado para pressionar congressistas americanos
- Buscar aliados no Congresso dos EUA que entendam o valor da parceria com o Brasil
Não é a primeira vez que isso acontece. Em 2019, o então presidente Trump ameaçou aumentar tarifas sobre o aço brasileiro. Resultado? Depois de muita negociação, o Brasil aceitou uma quota de exportação — solução que ninguém achou ideal, mas que pelo menos manteve o comércio fluindo.
Dessa vez, porém, o cenário é diferente. Com eleições nos EUA e um governo brasileiro que não tem medo de confronto, a coisa pode esquentar. E muito.
E agora?
Enquanto os técnicos do Ministério da Economia fuçam planilhas e contratos para provar que tudo está dentro das regras, os empresários ficam de olho no calendário. A decisão final dos EUA deve sair em até 270 dias — tempo suficiente para muita pressão diplomática e, quem sabe, algum milagre comercial.
Uma coisa é certa: o Brasil não vai baixar a cabeça tão fácil. "Já passamos por isso antes", diz um assessor do governo que preferiu não se identificar. "E se precisar, vamos até o fim."