
Imagine se preparar meses para uma oportunidade que pode mudar sua vida profissional, chegar ao local da prova e descobrir que perdeu sua chance por uma questão de minutos. Foi exatamente isso que aconteceu com dezenas de candidatos em Campo Grande neste sábado.
O clima era de tensão misturada com esperança — aquela sensação familiar para quem já disputou uma vaga no serviço público. Mas o que deveria ser um dia de conquistas se transformou em uma cena de pura frustração.
O que deu errado?
Os portões fecharam às 13h, pontualmente. O problema? Muitos candidatos ainda estavam nas filas de identificação. E aí começou o verdadeiro caos.
Testemunhas relatam que a organização simplesmente não conseguiu processar todos os inscritos a tempo. Fila que não andava, funcionários parecendo perdidos, e aquele desespero crescendo a cada minuto que passava.
"Cheguei às 12h40, mas só consegui entrar na fila às 12h55", contou um candidato que preferiu não se identificar. "Quando vi que não ia dar tempo, foi uma sensação de vazio no estômago."
Números que impressionam — e preocupam
O concurso nacional unificado oferecia nada menos que 130 vagas para níveis fundamental, médio e superior. Os salários? Até R$ 6.629,73 — uma grana que faz qualquer um sonhar alto.
Mas de que adianta ter vagas atrativas se os candidatos não conseguem nem fazer a prova?
A Fundação Cesgranrio, responsável pela aplicação do exame, emitiu uma nota dizendo que seguiu "rigorosamente" o edital. Só que, cá entre nós, seguir regras à risca não resolve quando o processo simplesmente não funciona na prática.
O lado humano da história
O que mais dói é ouvir os relatos. Pessoas que investiram tempo, dinheiro e esperança — algumas viajando de outras cidades — sendo barradas por uma burocracia que parece não levar em conta a realidade.
"É como se todo o esforço dos últimos meses tivesse ido pelo ralo", desabafou outra candidata. "A gente se programa, estuda, se organiza, e no final é barrado por algo que está totalmente fora do nosso controle."
E o pior: sem direito a reembolso da taxa de inscrição. Sim, você leu certo — pagou, não pôde fazer a prova e ainda perdeu o dinheiro.
E agora, o que fazer?
Os candidatos afetados estão praticamente de mãos atadas. O edital é claro sobre o horário de fechamento dos portões, mas será que não há espaço para um pouco de bom senso quando o problema é claramente operacional?
Enquanto isso, dentro dos locais de prova, quem conseguiu entrar seguia com o exame normalmente. Uma divisão cruel entre os que tiveram sorte na fila e os que ficaram do lado de fora olhando sua oportunidade escorrer entre os dedos.
Resta agora torcer para que as próximas seleções — e são várias previstas — aprendam com esses erros. Porque candidato preparado merece chance igual, não um bilhete premiado dependendo de como a fila vai andar.