Governo anuncia compra emergencial de pescado, mel e frutas: café e carne ficam de fora do pacote
Governo compra pescado, mel e frutas; café e carne ficam de fora

Eis que o governo resolveu dar uma mãozinha — mas só para alguns. Nesta segunda-feira (25), veio a público um anúncio que deixou muitos produtores rurais com sentimentos bem contraditórios. De um lado, alívio. De outro, uma frustração que dói no bolso.

O Ministério da Agricultura confirmou que vai comprar diretamente dos produtores afetados pelo aumento das tarifas de importação — o famoso "tarifaço" — três categorias específicas: pescado, mel e frutas. A medida faz parte do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que vai receber um reforço de R$ 100 milhões para essas aquisições emergenciais.

Quem ficou de fora?

Agora, prepare o café — porque ele mesmo não entrou na lista. Isso mesmo! Dois dos produtos mais simbólicos do agronegócio brasileiro, café e carne bovina, não foram incluídos no pacote de ajuda. E a justificativa? Segundo o governo, esses setores "têm mecanismos próprios de proteção" e "já estão bem estruturados no mercado internacional".

Não precisa ser expert para perceber que a explicação não colou muito bem entre os produtores. O mel, o pescado e as frutas foram escolhidos porque, nas palavras oficiais, "sofrem concorrência direta com produtos importados" e têm "dificuldade de ajuste imediato" às novas regras tarifárias.

Os números da controvérsia

O valor destinado — R$ 100 milhões — parece considerável, mas quando espalhado por tantos produtores afectados... a conta não fecha tão bonito assim. E tem mais: os recursos virão do Ministério do Desenvolvimento Social, com execução da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O programa prevê que os alimentos adquiridos serão destinados a pessoas em situação de insegurança alimentar — o que é nobre, sem dúvida. Mas e os produtores de café? E os pecuaristas? Fica a sensação de que levaram uma desculpa esfarrapada.

O tal "tarifaço", implementado no começo do ano, aumentou as tarifas de importação para diversos produtos — de alimentos a componentes industriais. A medida gerou reações imediatas dos setores atingidos, que alegaram prejuízos significativos na competitividade.

E agora?

O governo promete "acompanhar de perto" os impactos sobre café e carne. Mas convenhamos: promessa de acompanhamento não paga conta de produtor rural. Enquanto isso, os escolhidos do pacote comemoram — ainda que com cautela.

Restam dúvidas sobre como será operacionalizada a compra, prazos de pagamento e volumes exatos que cada categoria receberá. Detalhes que fazem toda a diferença na hora de salvar — ou não — uma safra inteira.

Uma coisa é certa: o governo escolheu seus favoritos. E deixou outros de fora numa decisão que vai gerar debate por bastante tempo.