
O clima nos corredores das grandes exportadoras de frango do Brasil é de suspense. Daquela ansiedade que aperta o estômago e deixa todo mundo de olho no telefone. E não é pra menos: do outro lado do mundo, a China segura nas mãos uma decisão que pode sacudir as finanças do setor.
Parece brincadeira, mas é a mais pura realidade. Desde abril — sim, faz quase seis meses! — que 14 frigoríficos brasileiros estão com as exportações para o mercado chinês travadas. Suspensos, como quem diz "fica aí esperando um pouco". Só que nesse "pouco" já se foram milhões de dólares em negócios que deixaram de acontecer.
O jogo da espera
E olha que o Brasil não é qualquer um nesse mercado. É o maior exportador mundial de frango, com todo o know-how e qualidade que você pode imaginar. Mas quando a China — que é simplesmente o maior importador do planeta — decide apertar o botão de pausa, a música para para todo mundo.
Os técnicos do MAPA (Ministério da Agricultura, aqueles que trabalham nos bastidores) já enviaram toda a papelada que os chineses pediram. Relatórios, laudos, planilhas — um verdadeiro festival de burocracia internacional. Agora é esperar. E torcer.
Números que impressionam
Você tem ideia do que está em jogo? Só no primeiro semestre deste ano, o Brasil embarcou para a China impressionantes 273,4 mil toneladas de frango. Isso dá uns 435 milhões de dólares, pra não falar em reais que a cotação hoje está daquelas que assustam qualquer um.
E tem mais: enquanto esses 14 frigoríficos seguem na geladeira, outros 30 continuam operando normalmente. É aquela situação esquisita onde parte da turma pode entrar na festa e outra parte fica do lado de fora, olhando pela janela.
Por que tanta demora?
Boa pergunta. As inspeções virtuais — sim, agora fazem até isso por vídeo — já rolaram em agosto. Os chineses viram tudo, perguntaram, analisaram. E desde então... silêncio. O tipo de silêncio que deixa qualquer executivo de cabelo em pé.
O que muita gente não sabe é que a China está passando por uma reorganização interna dos seus próprios ministérios. Imagina a bagunça que deve ser? E enquanto eles não se organizam, as autorizações ficam empacadas.
É como diz o ditado: "o apressado come cru". Só que nesse caso, todo mundo preferia que o frango já estivesse sendo exportado — e bem assadinho, por favor.
E agora, José?
Enquanto a decisão não vem, o setor se vira nos 30. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) — aquela que representa os grandes players — mantém o otimismo, mas já deve estar com os nervos à flor da pele.
O Brasil tem tradição, tem qualidade, tem volume. Mas no comércio internacional, às vezes isso não basta. É preciso paciência — e muita diplomacia.
Uma coisa é certa: quando o sinal verde vier, vai ser aquela correria. Frigoríficos trabalhando a todo vapor, caminhões entrando e saindo, navios sendo carregados. Até lá, o jeito é esperar. E torcer para que a China decida logo.