Agricultura familiar enche merenda escolar de qualidade em Santarém
Agricultura familiar abastece escolas em Santarém

Quem disse que comida boa não chega às escolas públicas? Em Santarém, a realidade está mudando – e com sabor de roçado fresco. A Secretaria Municipal de Educação (Semed) acaba de entregar mais uma leva daquilo que há de melhor na agricultura familiar para as creches e escolas da região.

Foram toneladas de alimentos – abóbora, banana, macaxeira e outros tantos que fazem a alegria (e a saúde) da criançada. Tudo colhido por mãos que suam na terra, muitas vezes antes do sol nascer. "É orgulho ver nosso trabalho virando nutrição", comenta um produtor que prefere não se identificar – mas cujos tomates vermelhos como o pôr-do-sol do Tapajós falam por ele.

Da roça para o prato

O programa não é novo, mas ganhou fôlego extra esse ano. Enquanto grandes cidades ainda discutem logística, aqui no oeste do Pará a conexão campo-cidade já virou rotina. Quinzenalmente, caminhões carregados de esperança – perdão, de alimentos – fazem o trajeto entre as comunidades rurais e as cozinhas escolares.

  • Mais de 30 variedades de produtos
  • 50 agricultores familiares envolvidos
  • Atendimento a 120 unidades educacionais

"Tem aluno que nunca viu uma berinjela na vida até provar na escola", ri uma merendeira enquanto descasca jerimum. O que era exceção virou regra: crianças pedindo "mais daquela farofa da tia" feita com farinha de mandioca local.

Impacto que vai além do prato

O negócio é tão redondo quanto uma melancia madura: enquanto os pequenos produtores garantem renda fixa, os estudantes ganham acesso a comida de verdade – aquela que não vem com rótulo cheio de "E" alguma coisa. E olha que os benefícios não param por aí...

Nas feiras locais, já se nota um movimento curioso: crianças levando os pais para conhecer "aquele cheiro verde que tem na escola". É a educação alimentar plantando sementes – desta vez, no imaginário das famílias.

Para o secretário municipal de Educação, o programa é "investimento em capital humano disfarçado de política pública". Difícil discordar quando se vê fila no refeitório para experimentar o pirão de peixe feito com ingredientes que, até ontem, estavam no sítio do seu Manuel.