
Parece que a conta não fecha — e olha que estamos falando de números que dariam vertigem em qualquer contribuinte. Nesta terça-feira, a Câmara dos Deputados coloca na mesa de discussão um daqueles temas que, francamente, deveriam fazer todo mundo prestar mais atenção. O assunto? A concessão do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, e os estragos financeiros que essa operação vem causando aos cofres públicos.
Os números são daqueles de tirar o fôlego: estamos falando em prejuízos que já ultrapassam a casa dos R$ 2,5 bilhões. Sim, bilhões — com B maiúsculo mesmo. E o pior é que a situação parece longe de se resolver.
O que deu errado?
Bom, vamos por partes. A AENA, empresa espanhola que venceu a licitação em 2012, simplesmente jogou a toalha. Jogou mesmo — abandonou o jogo em 2020, devolvendo a concessão como se fosse um presente de grego. Desde então, o aeroporto opera sob gestão da Inframerica, mas a situação continua mais enrolada que fio de pipa.
O que pouca gente sabe é que a União já desembolsou uma grana preta — coisa de R$ 1,8 bilhão — só para cobrir despesas trabalhistas e outras obrigações que ficaram para trás. E olha que isso é só a ponta do iceberg.
E agora, José?
A discussão de hoje na Comissão de Viação e Transportes promete ser quente. Os deputados querem entender onde foi que o trem — ou melhor, o avião — saiu dos trilhos. E mais importante: como evitar que essa história se repita com outros aeroportos pelo país.
O que me preocupa, entre tantas coisas, é que estamos falando de um dos principais terminais de carga aérea do Brasil. Um aeroporto estratégico, que movimenta boa parte das exportações do agronegócio paulista. Deixar essa joia na vala comum não pode ser uma opção.
Aliás, você sabia que Viracopos responde por cerca de 15% de todo o transporte aéreo de cargas do país? Pois é — não é qualquer aeroportozinho qualquer não.
O que esperar do futuro?
O governo federal já sinalizou que pretende fazer uma nova licitação — a tal "relicitação" que tanto se fala. Mas cá entre nós: depois desse fiasco todo, quem vai querer entrar nessa dança? E sob que condições?
Os especialistas que acompanham o setor aéreo estão com as barbas de molho. Eles alertam que o modelo de concessão precisa ser repensado de cabo a rabo. Do contrário, vamos continuar vendo dinheiro público escorrer pelo ralo.
Enquanto isso, nós, contribuintes, ficamos aqui nos perguntando: quando é que vamos acertar a mão na gestão do que é nosso? A pergunta, infelizmente, continua no ar — assim como os aviões que pousam e decolam de Viracopos todos os dias.