
O que era um sussurro nos corredores da aviação brasileira tornou-se um grito de alerta. O Aeroporto Internacional de Viracopos, outrora considerado uma joia da infraestrutura paulista, agora balança perigosamente à beira de um precipício administrativo.
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) — pressionada por um pedido praticamente dramático da concessionária — resolveu agir. E rápido. Na última segunda-feira, a agência convocou o que está sendo chamado nos bastidores de 'mesa de ultima ratio', uma tentativa derradeira de salvar o contrato de concessão que sustenta as operações do terminal.
Um Desespero que Ecoa nos Corredores
A situação chegou a um ponto crítico, para ser sincero. A concessionária Aeroinvest, que administra Viracopos desde 2012, praticamente bateu à porta da ANAC com um pedido que misturava urgência e desespero. As coisas não andam nada bem — e isso é colocar de forma bem educada.
O contrato de concessão, que teoricamente seguiria até 2037, hoje parece mais um castelo de cartas prestes a desmoronar. A pandemia deixou sequelas profundas, mas a verdade é que os problemas vêm se arrastando há tempos. Dívidas se acumulam, investimentos emperram e o futuro do aeroporto pende por um fio cada vez mais fino.
O Que Está Realmente em Jogo?
Imagine só: Viracopos não é apenas mais um aeroporto qualquer. Ele funciona como uma válvula de escape essencial para o sistema aéreo nacional, especialmente quando Guarulhos ou Congonhas dão sinais de saturação. Se esse calcanhar de Aquiles entrar em colapso, o efeito dominó pode ser catastrófico.
- Operações de carga aérea — das quais Viracopos é um dos principais hubs do país — seriam drasticamente impactadas
- Dezenas de voos regionais e internacionais precisariam ser realocados
- Milhares de empregos diretos e indiretos entrariam em zona de risco
- O já combalido sistema aéreo brasileiro sofreria mais um duro golpe
Não é exagero dizer que estamos diante de uma encruzilhada que pode definir os rumos da aviação no interior paulista para a próxima década.
As Cartas na Mesa
A ANAC, é claro, não está com a faca e o queijo na mão. A agência precisa equilibrar dois pesos consideráveis: de um lado, a realidade financeira da concessionária; do outro, o interesse público e a necessidade de manter o aeroporto funcionando.
As opções em discussão — segundo fontes próximas às negociações — incluem desde a revisão de prazos e metas contratuais até a possibilidade, ainda remota, de uma intervenção mais direta. O que ninguém quer, obviamente, é ter que administrar um processo de falência ou quebra contratual.
O timing é crucial. Enquanto as partes se sentam para negociar, o relógio continua correndo. Cada dia de incerteza significa menos investimentos, mais desconfiança dos usuários e um desgaste que pode se tornar irreversível.
E os Passageiros no Meio Disso Tudo?
Para o passageiro comum, que só quer embarcar sem surpresas desagradáveis, a situação gera uma ansiedade palpável. Já é possível perceber certa apreensão nos terminais — será que meus voos serão cancelados? Os preços vão disparar? O serviço vai piorar ainda mais?
Perguntas legítimas, diga-se de passagem. A verdade é que, por enquanto, as operações seguem normalmente. Mas existe aquele sabor amargo de instabilidade no ar, uma sensação de que qualquer vento mais forte pode derrubar a estrutura toda.
O que virá pela frente? Difícil prever. As negociações prometem ser tensas, com muito jogo de cintura de ambos os lados. Uma coisa é certa: o destino de Viracopos está sendo escrito agora, nessas reuniões que podem definir se o aeroporto seguirá como protagonista ou se tornará mais um capítulo triste na história da infraestrutura brasileira.