
Parece que os cofres públicos de São Paulo estão financiando uma excursão internacional bem cara. A Câmara Municipal acabou de revelar que uma viagem de doze vereadores à China consumiu nada menos que R$ 452 mil só em passagens aéreas. Um valor que daria para comprar um apartamento decente em muitas cidades brasileiras.
Os detalhes são daquelas coisas que fazem a gente coçar a cabeça e pensar: sério mesmo? A maior parte desse montante — R$ 408 mil, para ser exato — foi gasta com as passagens dos próprios parlamentares. O restante, R$ 44 mil, bancou as passagens de seus assessores. Tudo isso em pleno 2025, quando as videochamadas já permitem reuniões internacionais sem sair do escritório.
Os números que impressionam
Agora vamos aos detalhes que realmente incomodam. A viagem aconteceu entre 18 e 26 de agosto, e cada passagem de ida e volta para a China custou em média R$ 34 mil por pessoa. Sim, você leu certo: trinta e quatro mil reais por cabeça.
O que me deixa pensando: será que não havia opções mais econômicas? Em tempos de orçamento apertado para saúde e educação, gastos assim parecem um verdadeiro tiro no pé da credibilidade política.
Quem são os viajantes?
A lista dos parlamentares que embarcaram nessa aventura chinesa é diversa:
- Milton Ferreira (PSD) — presidente da Câmara
- Rinaldi Digilio (PSDB)
- Xexéu Tripoli (PV)
- Toninho Vespoli (PSOL)
- Erika Hilton (PSOL)
- Celso Giannazi (PSOL)
- Professor Claudio Fonseca (PSC)
- Sâmia Bomfim (PSOL)
- Sandra Tadeu (DEM)
- Aurélio Nomura (PSD)
- Edir Sales (PSD)
- Jamil Murad (PCdoB)
Olhando essa lista, é interessante notar a variedade partidária. Parece que quando o assunto é uma viagem internacional, as diferenças ideológicas ficam em segundo plano.
O que justifica tanto gasto?
A Câmara alega que a viagem tinha caráter oficial e incluía visitas técnicas a Pequim e Xangai. Entre os objetivos estariam reuniões sobre desenvolvimento urbano, transporte público e tecnologia. Mas cá entre nós: será que tudo isso justifica um custo tão elevado?
Alguns especialistas em administração pública já estão questionando se não seria possível obter os mesmos resultados com uma delegação menor ou através de missões virtuais. Afinal, depois da pandemia, todos nós aprendemos que muitas reuniões internacionais podem acontecer perfeitamente online.
O que mais preocupa é o timing. Enquanto isso, aqui no Brasil, serviços públicos básicos continuam precisando de recursos. Hospitais com falta de medicamentos, escolas precisando de reformas, e aí temos quase meio milhão de reais sendo gasto em uma única viagem.
E a transparência?
A Câmara garante que todas as despesas foram divulgadas no portal da transparência, seguindo a lei. Mas será que apenas cumprir a lei é suficiente quando se trata de dinheiro público? Talvez fosse o caso de os vereadores explicarem melhor à população o que exatamente trouxeram de benefício concreto dessa missão.
No final das contas, o que fica é aquela sensação desconfortável de que o dinheiro dos contribuintes está sendo usado de forma pouco criteriosa. E pior: que isso se tornou algo normal na política brasileira.
Enquanto isso, nós, cidadãos, ficamos aqui nos perguntando quando é que essa cultura do gasto desnecessário vai mudar. Porque, convenhamos, R$ 452 mil fazem muita falta em outras áreas bem mais carentes da nossa cidade.