O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, anunciou durante evento no Recife a liberação de R$ 150 milhões para dar início às obras da nova Escola de Sargentos do Exército em Pernambuco. A declaração foi feita nesta segunda-feira (24) durante o 2º Fórum Permanente de Infraestrutura de Pernambuco.
Investimento e cronograma revisado
O projeto, que possui investimento total de R$ 1,8 bilhão, teve seu cronograma revisado. O início da construção foi adiado para o segundo semestre de 2026, diferente da previsão anterior que apontava para este ano. A estrutura da escola deve começar a ser erguida em 2027, com previsão de conclusão apenas em 2034.
Durante seu discurso, José Múcio enfatizou que a obra é uma prioridade do Ministério da Defesa e que os recursos já foram garantidos para o próximo ano. "Esta é uma obra do Ministério da Defesa. Nós, inclusive, já asseguramos para o próximo ano, nessa verba que nós aprovamos lá, já tiramos alguma coisa para essa Escola de Sargentos", afirmou o ministro.
Controvérsia ambiental
A escolha do local para a construção da escola gera debates há quatro anos. A unidade será implantada no Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC), em Aldeia, no município de Paudalho, na Zona da Mata pernambucana.
O problema é que a área faz parte da Área de Preservação Ambiental (APA) Aldeia/Beberibe, uma região de Mata Atlântica. Ambientalistas contestam a instalação do complexo militar nesse local sensível ecologicamente.
Diante dos impasses, o Exército informou que o projeto sofreu alterações, com redução pela metade da área a ser desmatada. O ministro José Múcio demonstrou otimismo em relação à resolução do conflito: "Evidentemente, o que nós estamos querendo é exaurir a discussão, diminuir as tensões, conversar com as pessoas. Já tivemos muitas reuniões com os ambientalistas lá da região. Eu acredito que nós estamos perto de ter isso resolvido".
Histórico e disputa interestadual
A trajetória para trazer a Escola de Sargentos para Pernambuco começou em 2021, quando o estado apresentou um projeto ao Comando do Exército. Após processo de seleção, em outubro de 2021, o Alto Comando do Exército anunciou que a nova escola seria construída em Pernambuco, vencendo as concorrentes Ponta Grossa (PR) e Santa Maria (RS).
José Múcio destacou a disputa interestadual pela obra e defendeu sua permanência em Pernambuco: "É uma escola que será construída ao longo de um governo e meio, que tem que começar. Não é uma obra política, não é uma obra que pertence a grupos, isso é uma obra do país, do estado de Pernambuco".
O ministro lembrou que outros estados ainda cobiçam o projeto: "Porque o Rio Grande do Sul quer e tem lugar para se fazer lá; Minas Gerais quer e tem lugar para se fazer lá; e nós estamos lutando para que isso não saia daqui".
Medidas ambientais e próximos passos
O general Maurílio Ribeiro, comandante militar do Nordeste, assegurou que o cronograma de implantação da escola está "em dia". Ele detalhou que estão em andamento os projetos básicos e executivos da construção, além de estudos ambientais complementares.
"Também estão avançando os estudos ambientais complementares, que vão dar suporte ao plano de compensação ambiental e realocação de animais e espécies raras, para que, no ano que vem, a gente possa dar início à terraplanagem da área", explicou o general.
O evento no Recife contou também com a presença da governadora Raquel Lyra (PSD) e do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), demonstrando o apoio político local ao projeto que promete movimentar a economia do estado, mas que ainda busca equilibrar os aspectos de desenvolvimento com a preservação ambiental.