
Parece que finalmente botaram os pés no chão. Nessa terça-feira (20), o Palácio do Planalto e o governo do Pará — depois de muita conversa e, vamos ser sinceros, uma certa dose de pressão — chegaram a um entendimento que era mais do que necessário. Estabeleceram, preto no branco, que todas as obras de infraestrutura para a COP30 em Belém têm um prazo fatal: 1º de novembro. Ponto final.
Não é pouco trabalho, longe disso. Estamos falando de reformas e melhorias em pontos críticos da cidade que receberá o mundo no ano que vem. O Porto, o Aeroporto de Val-de-Cans, a orla — nada pode ficar para depois. O ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, saiu da reunião com o governador Helder Barbalho e deixou claro: "Não há plano B". A frase ecoa como um aviso, mas também como um compromisso público difícil de voltar atrás.
O Que Está em Jogo — Além da Imagem
É claro que ninguém quer passar vexame internacional. Mas a questão vai muito além da vaidade. Belém se prepara para receber cerca de 70 mil pessoas de aproximadamente 190 países. Imagina o transtorno — e o prejuízo — se a estrutura não estiver minimamente funcional? O caos logístico seria inevitável.
Por isso, o cronograma foi quebrado em etapas bem definidas. A ideia é que até o fim deste ano — sim, em apenas alguns meses — algumas frentes de trabalho já estejam finalizadas. É um ritmo de contra-relógio, daqueles que exigem fiscalização diária e, convenhamos, uma pitada de sorte.
- Aeroporto Internacional de Val-de-Cans: Ampliação do terminal de embarque e melhoria no acesso. Quem já desembarcou lá sabe como é preciso.
- Complexo do Porto de Belém: Revitalização da área para receber não apenas navios, mas eventos e visitantes.
- Orla e Mobilidade Urbana: Intervenções para melhorar o tráfego — um dos maiores dramas do belenense.
Nada disso é barato. Os valores envolvidos são altos, e parte significativa virá do governo federal, através de emendas parlamentares e recursos já aprovados. O estado entra com a contrapartida e, claro, a gestão local dos empreendimentos. Uma parceria que precisa funcionar como um relógio suíço — mas que sabemos, na prática, ser bem mais complicado.
E Se Atrasar?
Essa é a pergunta que todo mundo faz, mas ninguém quer responder. Oficialmente, não se fala em atrasos. O discurso é de total confiança. Mas entre quatro paredes, é possível que haja mais preocupação do que se admite publicamente. O fantasma de eventos anteriores, com promessas não cumpridas, assombra qualquer projeto de grande escala no Brasil.
Ainda assim, há um ar de otimismo — ou talvez seja só esperança. A presença de ministros e a atenção constante do Planalto sugerem que dessa vez pode ser diferente. Será?
O fato é que Belém vive um momento decisivo. A cidade pode sair dessa experiência transformada, com um legado permanente de melhorias. Ou pode se tornar mais um exemplo de como não gerenciar grandes eventos. Até novembro, teremos uma ideia mais clara.