
Três dias se passaram desde que as águas escuras do Rio Parnaíba engoliram dois jovens, e o silêncio na margem do rio parece cada vez mais pesado. Uma operação que já virou maratona — 72 horas de buscas ininterruptas — mantém as esperanças da família em suspenso, enquanto mergulhadores do Corpo de Bombeiros vasculham cada metro do leito fluvial.
O drama começou na última segunda-feira, por volta das 17h, quando um grupo de amigos decidiu se refrescar nas águas do Parnaíba, na altura do povoado Coqueiro. O que deveria ser um momento de descontração rapidamente se transformou em pesadelo. As correntezas, mais fortes do que aparentavam, arrastaram dois rapazes de 18 e 19 anos. Um deles, felizmente, conseguiu escapar e alertar as autoridades.
Operação sem tréguas
Desde então, os bombeiros não deram trégua. Equipes terrestres percorrem as margens, enquanto barcos e mergulhadores profissionais trabalham nas profundezas. "É uma situação delicadíssima", comenta um dos socorristas, com a voz cansada. "A visibilidade debaixo d'água é praticamente zero, e o rio está traiçoeiro."
O que mais impressiona — além da determinação dos bombeiros — é a solidariedade da comunidade local. Moradores se revezam para levar comida e água às equipes, formando uma corrente humana de apoio. "A gente não pode fazer muito, mas ficar de braços cruzados também não dá", diz uma senhora que preferiu não se identificar.
Família no limite
Enquanto isso, os familiares vivem o que talvez seja o pior pesadelo de qualquer pai ou mãe. A angústia estampada no rosto da mãe de um dos jovens é quase palpável. Ela não sai da beira do rio, os olhos fixos nas águas que levaram seu filho. "Só quero meu menino de volta", repete, entre lágrimas.
Os bombeiros garantem que não vão desistir. "Enquanto houver possibilidade, continuaremos buscando", afirma o comandante da operação. A verdade é que cada hora que passa diminui as chances, mas ninguém tem coragem de verbalizar isso.
O Rio Parnaíba, normalmente tão generoso com os pescadores da região, mostrou sua face mais cruel. E agora, resta esperar — esperar que o rio devolva o que tomou.