Vídeo do mascote Curupira da COP 30 com Bicharada viraliza nas redes
Mascote Curupira da COP 30 viraliza com Bicharada do Juaba

Um vídeo que mostra o mascote oficial da COP 30, o Curupira, interagindo com pessoas fantasiadas de animais da floresta amazônica viralizou nas redes sociais durante a conferência da ONU sobre mudanças climáticas em Belém. As imagens, que geraram curiosidade e alguns mal-entendidos entre internautas, registram na verdade uma tradição cultural paraense com mais de cinco décadas de história.

Celebração cultural na Green Zone

A cena que conquistou as redes sociais ocorreu durante a inauguração do pavilhão do Ministério do Turismo na Green Zone da COP 30. O grupo Bicharada do Juaba, originário de Cametá, no nordeste do Pará, apresentou uma dança inspirada na fauna amazônica, tendo o Curupira como personagem central acompanhado por integrantes vestidos como animais da floresta.

O fotógrafo Toninho Castro, que registrou o momento, explicou ao g1 que algumas pessoas interpretaram equivocadamente as imagens. "O contexto foi distorcido por quem não conhece a tradição. A Bicharada existe há décadas em Cametá e tem um trabalho lindo de educação ambiental e valorização da nossa cultura popular", afirmou o profissional, que é natural da mesma cidade do grupo.

Mais de 50 anos de tradição e educação ambiental

O Bicharada do Juaba integra o Cordão da Bicharada, uma manifestação cultural típica do Pará que acontece durante o carnaval. Segundo Toninho Castro, o grupo surgiu há mais de 50 anos na comunidade de Juaba, em Cametá, no Baixo Tocantins, e já realizava ações de educação ambiental muito antes de uma COP ser pensada na Amazônia.

"O Bicharada ensina as crianças e as pessoas a cuidarem e respeitarem a natureza", contou o fotógrafo. "Lá em Cametá, eles chamam de Carnaval das Águas, e existem mais de 30 cordões de mascarados."

O Carnaval das Águas do Baixo Tocantins

Diferente dos blocos de carnaval convencionais, o Cordão da Bicharada surgiu nos anos 1970 com uma proposta artística e educativa. O grande diferencial do cortejo é que, ao invés de fantasias convencionais, os participantes se vestem de animais da floresta e imitam seus comportamentos durante as apresentações.

O movimento ficou conhecido como Carnaval das Águas, uma celebração típica do Baixo Tocantins onde os desfiles ocorrem às margens dos rios e igarapés, reforçando a conexão com o ecossistema local.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, justificou o convite ao grupo para participar da COP 30: "A nossa ação teve como objetivo chamar a atenção para a importância da preservação da fauna e da flora das florestas em todo o mundo e a COP é justamente o espaço onde passamos essa mensagem de proteger ecossistemas para garantir vida, equilíbrio ambiental e futuro para as próximas gerações".

O registro fotográfico de Toninho Castro não apenas documentou um momento de celebração cultural, mas também destacou como tradições locais podem transmitir mensagens globais sobre conservação ambiental e valorização da biodiversidade amazônica.