Parece que a famosa "Pérola do Adriático" finalmente chegou ao seu limite. Dubrovnik, aquela cidade croata que parece saída de um conto de fadas — com suas muralhas imponentes e ruas de pedra — está literalmente sufocando sob o peso de sua própria popularidade.
Quem diria, não é? O sucesso pode ser uma faca de dois gumes. A prefeitura acaba de anunciar um pacote de medidas que, francamente, soam mais como uma declaração de guerra ao turismo descontrolado.
O que realmente vai mudar?
A coisa é séria. A partir do próximo ano, preparem-se porque a experiência de visitar Dubrovnik será completamente diferente. A cidade está implementando um sistema de cotas diárias — sim, você leu certo — que limitará drasticamente o número de pessoas que podem entrar nas áreas históricas.
Mas não para por aí. As mudanças incluem:
- Controle de acesso por horários — visitantes terão que agendar sua entrada com antecedência
- Taxas de entrada revisadas — e prepare o bolso, porque vão subir consideravelmente
- Rotas alternativas obrigatórias — para distribuir o fluxo de pessoas
- Limitação de cruzeiros — apenas dois navios grandes por dia serão permitidos
Parece extremo? Talvez. Mas quando você vê fotos da Stradun — aquela rua principal lindíssima — completamente tomada por uma maré humana, começa a entender o desespero das autoridades.
O ponto de ruptura
O que me faz pensar: será que chegamos ao momento em que as maravilhas do mundo precisam se proteger de seus próprios admiradores? Os moradores locais — aqueles que ainda resistem — reclamam há anos que a cidade se transformou num parque temático medieval.
E não é para menos. Imagina acordar todo dia e não conseguir sair de casa porque há cinco mil turistas bloqueando sua porta. Ou tentar fazer compras no mercado local e disputar espaço com selfie sticks e grupos de excursão.
A verdade é que Dubrovnik se tornou vítima do próprio sucesso. Depois que Game of Thrones a transformou em King's Landing, o fluxo turístico explodiu de forma insustentável. A cidade que tem apenas 40 mil habitantes recebeu mais de 1,2 milhão de visitantes no ano passado. Faz as contas.
E os turistas brasileiros?
Para nós, brasileiros que amamos descobrir esses destinos europeus, a mudança significa que teremos que planejar muito melhor nossa viagem. Sem mais aquela improvisação de última hora.
Mas pensando bem, talvez seja uma mudança para melhor. Quem já não se sentiu frustrado ao visitar um lugar incrível e encontrá-lo tão lotado que era impossível apreciar sua beleza?
Essas medidas, embora restritivas, prometem devolver a Dubrovnik parte daquela magia que fez todos nos apaixonarmos por ela em primeiro lugar. Uma experiência mais autêntica, mais tranquila, mais... humana, digamos assim.
O turismo sustentável não é mais uma opção — tornou-se uma necessidade de sobrevivência para destinos como este. E cá entre nós, talvez seja hora de repensarmos nossa forma de viajar. Menos check-ins, mais conexão genuína com os lugares que visitamos.
Dubrovnik está dando um passo corajoso. Resta saber se outros destinos superlotados terão a mesma coragem.
