
Não é de hoje que casos de intolerância religiosa pipocam pelo Brasil – e infelizmente, Lavras, no Sul de Minas, entrou pra essa lista. Na última semana, um terreiro de Umbanda virou alvo de ofensas que, pra variar, misturavam ignorância com ódio. A coisa foi feia: segundo relatos, além dos xingamentos, houve ameaças veladas que deixaram a comunidade em alerta.
"É como se a gente voltasse décadas no tempo", desabafa o responsável pelo espaço, que prefere não se identificar por medo de represálias. Ele conta que os ataques começaram com comentários nas redes sociais, mas escalaram pra perturbação presencial. Barulhos altos no horário de culto, pichações e até tentativas de invadir o terreno fizeram parte do pacote de humilhações.
O que a polícia sabe até agora?
A Delegacia de Lavras abriu inquérito pra apurar o caso, mas esbarra num problema clássico: as testemunhas têm medo de falar. "Tem gente que viu, mas não quer se envolver", confidencia um agente envolvido nas investigações. Apesar disso, já há imagens de câmeras de segurança sendo analisadas – e pasme, os suspeitos podem responder não por um, mas por vários crimes.
- Injúria racial (a Umbanda tem raízes afro-brasileiras)
- Danos ao patrimônio
- Ameaça
- Intolerância religiosa (que, diga-se, virou crime hediondo em 2019)
Pra piorar, o timing não poderia ser mais simbólico: o terreiro preparava justamente uma festa pra Iemanjá quando os ataques começaram. "É covardia, é falta do que fazer", protesta uma frequentadora, enquanto arruma as guias no pescoço.
E agora?
Enquanto a polícia corre contra o tempo pra identificar os responsáveis, a comunidade se mobiliza. Grupos de direitos humanos e até igrejas evangélicas (sim, você leu certo) já se solidarizaram com o terreiro. O caso reacendeu um debate antigo na cidade: até quando práticas culturais ancestrais vão ser tratadas como "coisa do demônio" em pleno 2025?
Pra quem pensa que é exagero, um dado: só em Minas, o Disque 100 registrou 47 denúncias de intolerância religiosa no primeiro semestre – e olha que a maioria nem chega a ser notificada. "Isso aqui é só a ponta do iceberg", resmunga um ancião do terreiro, acendendo uma vela enquanto espera por justiça.