Fé em Movimento: Como Milhões de Brasileiros Celebraram Nossa Senhora Aparecida Neste Domingo
Brasil em Fé: Celebrações de Nossa Senhora Aparecida Lotam Templos

Parece que o Brasil inteiro resolveu parar por algumas horas neste domingo. E não foi por causa do futebol ou de um feriado qualquer — era algo mais profundo, mais visceral. De norte a sul, leste a oeste, milhões de brasileiros deixaram suas rotinas de lado para celebrar aquela que muitos chamam carinhosamente de "Mãezinha do Céu".

Na Basílica de Aparecida, o coração das comemorações, a cena era de tirar o fôlego. Desde as primeiras horas da manhã, uma corrente humana ininterrupta de fiéis começou a se formar. E não eram apenas os devotos tradicionais — vi jovens com celulares nas mãos, crianças nos ombros dos pais, idosos que mal conseguiam andar mas insistiam em fazer aquela peregrinação. Uma verdadeira colcha de retalhos da fé brasileira.

Mais que uma tradição, um encontro pessoal

O que me chamou atenção foi a diversidade das expressões de fé. Enquanto alguns rezavam em silêncio, com lágrimas nos olhos, outros cantavam hinos com vozes que ecoavam pelos corredores da basílica. Havia quem carregasse fotos de entes queridos, velas, ex-votos — cada objeto contando uma história particular de graças alcançadas ou pedidos especiais.

E falando em histórias, conversei com Dona Maria, de 78 anos, que veio de ônibus do interior de Minas Gerais. "São 40 anos vindo aqui no dia dela", me contou com os olhos brilhando. "Nem a artrose me impede. É como visitar minha mãe no seu dia especial." Como não se emocionar?

Uma fé que transborda os muros dos templos

Mas a celebração não ficou restrita a Aparecida. Nas redes sociais, o fenômeno foi igualmente impressionante. Milhares de pessoas compartilharam fotos de suas comunidades, de missas locais, de pequenos altares caseiros. Parecia que todo mundo queria mostrar seu jeito particular de homenagear a padroeira.

E sabe o que é curioso? Mesmo quem não é particularmente religioso parecia respeitar — ou pelo menos entender — a importância da data. Vi pessoas de diferentes crenças se solidarizando, compartilhando mensagens positivas. Num país tão dividido em tantos aspectos, é reconfortante ver que ainda há espaços que nos unem.

O milagre da continuidade

O que mais me impressiona, ano após ano, é a capacidade dessa tradição de se renovar. Enquanto escrevo estas linhas, me pergunto: o que faz com que, em pleno 2025, com toda a tecnologia e mudanças de comportamento, milhões ainda se mobilizem por uma celebração religiosa?

Talvez a resposta esteja justamente na necessidade humana de se conectar com algo maior. Num mundo cada vez mais volátil e imprevisível, a constância dessa devoção oferece um porto seguro emocional. É como se, por um dia, o Brasil inteiro respirasse fundo e dissesse: "sim, ainda acreditamos em milagres".

E por falar em milagres, não são apenas os grandes prodígios que contam. Para muitas das pessoas que estavam lá hoje, o simples fato de conseguir chegar até o santuário, de encontrar forças para mais um ano de lutas, de sentir aquela paz momentânea — já era milagre suficiente.