Ex-padre que abandonou celibato defende poliamor: 'Cristo nunca proibiu nada disso'
Ex-padre defende poliamor e questiona dogmas

Quem diria, não é mesmo? A vida dá voltas que nem mesmo os mais devotos conseguem prever. E a história do ex-padre Fábio tem dessas reviravoltas que fazem a gente parar e pensar — sério mesmo.

Ele passou dez anos — uma década inteira! — vestindo batina e seguindo à risca o celibato. Mas hoje, caramba, defende o poliamor com uma convicção que surpreende. E o que ele diz? Que Jesus Cristo, na verdade, nunca proibiu nada disso.

Da batina para a liberdade

Fábio não foi embora da Igreja de qualquer jeito. Foi um processo, sabe? Lento, dolorido às vezes. Ele mesmo conta que começou a questionar tudo quando percebeu que muitas regras — principalmente sobre sexualidade e relacionamentos — vinham mais da cultura da época do que dos ensinamentos originais de Cristo.

"Quando você estuda os textos com cuidado", reflete ele, "percebe que Jesus falava de amor, compaixão, honestidade. Mas nunca ditou regras sobre quantas pessoas alguém pode amar simultaneamente".

O que a Bíblia realmente diz?

Aqui é que a coisa fica interessante. Fábio mergulhou fundo nos estudos bíblicos — e descobriu coisas que, na sua opinião, foram "convenientemente esquecidas" ao longo dos séculos.

  • Abraão, considerado pai das três grandes religiões monoteístas, tinha mais de uma esposa
  • Jacó também — e isso sem contar as concubinas
  • O rei Salomão, então, nem se fala: setecentas esposas e trezentas concubinas

"A monogamia como única forma aceitável de relacionamento", argumenta Fábio, "é uma construção cultural, não um mandamento divino".

Vida real, desafios reais

Mas não pense que a transição foi fácil. O ex-padre enfrentou — e ainda enfrenta — preconceito de todos os lados. De católicos tradicionais que o veem como traidor, até céticos que duvidam da sua sinceridade.

"O mais difícil", confessa ele, "foi me permitir sentir coisas que eu tinha reprimido por tanto tempo. A culpa é uma companheira teimosa".

Hoje, Fábio vive em Campinas numa configuração familiar não-monogâmica. Ele prefere não dar detalhes — "minha família merece privacidade" — mas garante que encontrou uma autenticidade que nunca teve antes.

E a Igreja, o que diz?

Procurada, a Arquidiocese de Campinas emitiu uma nota padrão: respeita a liberdade individual, mas reafirma seu compromisso com os valores tradicionais do matrimônio cristão.

Mas Fábio não está nem aí para controvérsias. Ele segue firme no seu propósito: mostrar que é possível ser espiritual — até cristão — sem engolir regras que, na sua visão, mais separam do que unem as pessoas.

"No final", arremata com um sorriso, "o que importa mesmo é o amor — honesto, consentido, responsável. O resto é detalhe".

E você, o que acha? Será que ele tem um ponto, ou está apenas justificando suas escolhas? Difícil dizer — mas a discussão, essa promete continuar.