Gilberto Gil Homenageia Preta Gil Com Nova Música: Um Mês de Saudade Que Virou Canção
Gilberto Gil Canta Saudade de Preta Gil em Música Nova

Quem disse que a dor não pode virar melodia? Exatamente um mês após a partida de Preta Gil, o silêncio pesado foi quebrado por acordes. Não por acaso, mas pela mão firme e, ao mesmo tempo, tremula de um pai. Gilberto Gil, esse titã da música brasileira, fez o que sempre soube fazer: transformar sentimento bruto em coisa bela.

Aí, no meio da tarde dessa quinta-feira (25), ele simplesmente soltou nas redes sociais um presente para os fãs — e, claro, um alento para a própria alma. Uma música nova. Intitulada, com uma simplicidade que corta o coração, "Um Mês de Saudade".

Não é um hino grandioso, cheio de efeitos. Muito pelo contrário. A gente ouve a viola, o violão, a voz que já não é mais a de um jovem, mas carrega uma profundidade que só o tempo e a dor dão. É íntimo. Quase um sussurro. Parece que a gente está lá na sala dele, incomodando um momento sagrado.

Não São Apenas Palavras, São Pedaços de Alguém

A letra? Ah, a letra é daquelas que grudam na mente e não saem mais. Gil fala de "vento que levou" e de um "vazio que ficou". Coisas simples, sabe? Do dia a dia. Mas é justamente aí que mora a genialidade. Ele pega o universal do luto e coloca na medida exata da perda dele. Não é exagerado, não é dramático. É só… verdadeiro.

E tem um trecho que doi de tão bonito: "Cada canto da casa guarda um eco teu / Um riso, um olhar, um desejo seu." Não é difícil imaginar a cena. Qualquer um que já perdeu alguém entende na hora. A música vai além de uma homenagem pública; é uma carta de amor particular, endereçada para uma estrela que agora brilha em outro lugar.

Mais Que Um Artista, Um Pai

O que chama atenção, pra além da qualidade musical — que é um dado adquirido quando falamos de Gil —, é a coragem. Botar pra fora uma ferida tão fresca, tão aberta. Mostrar a vulnerabilidade de um gigante. Num mundo onde celebridade muitas vezes vira uma casca dura, Gil faz o oposto: ele rasga o peito e mostra que ali dentro sangra igual a todo mundo.

Os comentários nas redes sociais foram uma enxurrada de carinho. Gente se identificando, chorando junto, agradecendo por ele compartilhar um pedaço dessa despedida. Virou quase um acontecimento coletivo, um ritual de cura através da arte.

E isso, talvez, seja o legado maior dessa música. Ela não fala só da saudade dele. Ela dá voz à saudade de todo mundo que já teve que aprender a viver com a falta de alguém. É um lembrete poderoso de como a arte, no fim das contas, é o que a gente tem de mais humano para lidar com o que não tem explicação.

A pergunta que fica é: será que essa faixa vai entrar num disco novo? Ou ficará assim, como um registro único desse momento tão específico? Só o tempo — e o próprio Gil — dirão. Mas por enquanto, ela já cumpriu seu papel mais importante: aliviou um pouco o peso de um coração.