Filho de Renato Russo entra na justiça contra Novo por uso indevido de 'Que País É Este'
Filho de Renato Russo processa Novo por uso de música

Eis que a política e a música se chocam mais uma vez — e dessa vez, no tribunal. Juliano Manfredini, filho do eterno Renato Russo, decidiu bater o martelo: o partido Novo foi notificado por usar "Que País É Este" sem permissão em um vídeo de campanha. A ironia? A música que critica o sistema sendo instrumentalizada pelo próprio sistema.

Não é de hoje que clássicos da Legião Urbana viram trilha sonora de protestos e manifestações. Mas daí a virar jingle eleitoral? "É como usar um extintor pra acender fogo", comentou um fã indignado nas redes sociais. O vídeo em questão, que já foi removido, mostrava imagens de protestos enquanto a icônica introdução da música rolava — sem créditos, sem autorização.

O que diz a lei?

Pela legislação brasileira, obras artísticas estão protegidas por direitos autorais por 70 anos após a morte do criador. Renato Russo nos deixou em 1996, então a conta é simples: até 2066, qualquer uso comercial ou político precisa do aval dos herdeiros. E olha só: Juliano não deu esse aval.

O partido Novo, conhecido por bandeiras como "menos estado", agora se vê enredado em burocracia estatal — dessas que eles tanto criticam. Procurados, os advogados da legenda alegaram "uso educacional", mas especialistas torcem o nariz: "Campanha eleitoral é, por definição, persuasão. Nada a ver com fins educativos", explica um advogado especializado em propriedade intelectual.

E os fãs?

Nas redes, a polêmica dividiu opiniões. De um lado, os que defendem que "música de protesto deve ser livre". Do outro, quem lembra que direito autoral é trabalho: "Se fosse música de sertanejo universitário, ninguém questionaria", ironizou um tuíte que viralizou.

Enquanto isso, Juliano mantém a postura que o pai talvez aprovasse: silêncio eloquente. A única declaração veio por nota, seca e direta: "Não compactuamos com o uso político-partidário da obra". E agora? O caso pode virar um precedente importante sobre cultura e política no Brasil — país que, como bem cantou Russo, "avança contrário".