O mundo artístico brasileiro está pegando fogo — e não é metáfora de música romântica. Chico Buarque, aquele lendário compositor que praticamente embalou o Brasil em acordes, resolveu trocar o violão pela petição judicial. E o alvo? Nada menos que o apresentador Carlos Massa, o famoso Ratinho do SBT.
Parece briga de torcida organizada, mas é coisa séria. Muito séria. Estamos falando de uma ação que pede nada menos que R$ 200 mil por danos morais. E sabe o que é pior? O programa do Ratinho usou — sem a menor cerimônia — a música "Construção", aquela obra-prima que todo mundo conhece, como se fosse trilha sonora gratuita.
O que diabos aconteceu?
A coisa toda começou em outubro do ano passado, quando o Programa do Ratinho resolveu fazer uma reportagem sobre — segura aí — um cachorro que destruiu a casa do próprio dono. Sim, você leu certo. E pra dar aquele tempero dramático, colocaram "Construção" tocando no fundo. Como se a música que é praticamente um monumento nacional virasse trilha para cachorro bagunceiro.
Chico, claro, não gostou nem um pouco. Na verdade, deve ter ficado mais irritado que torcedor do Corinthians perdendo clássico. A defesa do artista argumenta, com toda a razão, que associar uma obra desse calibre a "cenas de destruição e baderna" é como servir vinho fino em copo descartável — desrespeita completamente o valor da criação.
Os argumentos que pesam na balança
Aqui é onde a coisa fica interessante. O processo alega que o SBT:
- Usou a música sem autorização — óbvio, né?
- Deturpou completamente o significado da obra
- Transformou poesia em piada de mau gosto
- Desrespeitou a trajetória de um dos maiores artistas brasileiros
E tem mais. A defesa de Chico soltou uma frase que dói: diz que a emissora tratou a música como se fosse "produto de prateleira de supermercado". Dá pra sentir o desprezo, né?
E o Ratinho, o que diz?
Até agora, silêncio absoluto. O SBT e sua defesa estão mais quietos que show de MPB após meia-noite. O processo corre na 12ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo, sob o comando da juíza Daniela de Souza Gomes. E olha, não vai ser rápido — essas coisas judiciais são mais demoradas que fila de banco.
O que me faz pensar: será que as emissoras vão aprender a lição? Porque usar música alheia sem permissão é furada. E quando o artista é do tamanho de Chico Buarque, aí a coisa fica feia mesmo.
Enquanto isso, fica o registro de mais um capítulo das relações conturbadas entre artistas e mídia no Brasil. Uma história que, infelizmente, parece mais um samba do approach errado do que a bossa nova da colaboração respeitosa.
