
Imagine distinguir minerais apenas pelo paladar. Parece coisa de super-herói, não é? Pois bem, um gaúcho acaba de provar que essa habilidade existe — e ele é o melhor do Brasil nisso.
Num evento que mistura ciência, gastronomia e um toque quase poético, Thiago Farias, natural de Porto Alegre, conquistou o título no 1º Concurso Brasileiro de Sommelier de Águas Minerais. A competição, realizada em São Paulo, reuniu especialistas de vários cantos do país, mas foi o sulista quem levou a taça.
Não é só água, é experiência sensorial
O que diabos faz um sommelier de águas? A pergunta que não quer calar. A resposta é mais fascinante do que parece. Esses profissionais identificam características como pH, mineralização e até o terroir — sim, aquele conceito normalmente associado aos vinhos.
Thiago, com apenas 28 anos, demonstrou uma sensibilidade impressionante. "Cada água conta uma história geológica diferente", explica ele, com um entusiasmo contagiante. "A do aquífero Guarani tem uma personalidade, a de fontes vulcânicas outra completamente distinta."
Provas que testaram limites do paladar
A competição foi intensa. Os candidatos enfrentaram:
- Identificação de águas minerais apenas pelo sabor e aroma
- Harmonização com diferentes pratos gastronômicos
- Análise da composição química através da percepção sensorial
- Prova prática de serviço e recomendação para clientes
E olha, não foi moleza não. Alguns participantes confessaram ter subestimado a complexidade da tarefa. "Pensei que seria fácil até provar a primeira água cega", admitiu um dos competidores.
O que isso significa para o mercado brasileiro?
Bom, a gente vive num país onde água mineral é quase commodity. Mas essa competição sinaliza uma mudança interessante no horizonte. Restaurantes finos começam a perceber que a água merece o mesmo cuidado que o vinho na experiência gastronômica.
Thiago, que agora carrega o título de "melhor paladar aquático do Brasil", já recebeu propostas de trabalho de redes hoteleiras e restaurantes estrelados. Parece que sua expertise vale ouro — ou melhor, vale água diamantina, se é que me entendem.
O mais curioso? Ele começou como sommelier de vinhos. "Um dia percebi que estava ignorando 70% do que bebia durante as refeições", conta, com um sorriso irônico. "A água era a grande esquecida, e justamente ela é essencial para nossa existência."
E aí, vai continuar tomando qualquer água ou vai começar a prestar atenção nas nuances? A verdade é que depois de saber que existem profissionais capazes de distinguir origens geológicas pelo paladar, nada mais será como antes.