
Parece que São Paulo está prestes a ganhar uma injeção de sabor andino — e não, não é só mais um modismo gastronômico passageiro. José Tamayo, esse equatoriano de Quito que parece ter nascido com uma colher de pau na mão, está trazendo para o Brasil algo que vai muito além do simples ceviche ou do tradicional locro.
O cara, com uma bagagem que impressiona — passou por cozinhas na Espanha, México e Estados Unidos — resolveu mostrar que a culinária do Equador tem muito mais a oferecer do que a gente imagina. E olha, depois de provar o que ele prepara, você nunca mais vai ver a comida equatoriana com os mesmos olhos.
Uma cozinha que conta histórias
O que Tamayo faz é quase uma arqueologia gastronômica. Ele vai lá nas receitas da avó, nos pratos de rua de Quito, nos sabores que todo equatoriano cresce comendo — e dá uma repaginada que, pasmem, mantém a alma do prato intacta. É como se a tradição ganhasse roupagem moderna sem perder sua essência.
"Minha cozinha é uma viagem no tempo com parada no presente", ele me disse numa conversa descontraída. E dá pra perceber isso em cada detalhe.
Ingredientes que surpreendem
Você sabia que o Equador tem mais de 400 variedades de batatas? Pois é, eu também não. E o Tamayo adora brincar com essa diversidade. Ele traz para seus pratos ingredientes que a maioria dos brasileiros nunca viu — e o mais incrível é como ele consegue fazer com que esses sabores conversem perfeitamente com o paladar daqui.
- Frutos do Pacífico com técnicas espanholas
- Temperos ancestrais com apresentação contemporânea
- Texturas que surpreendem a cada garfada
Não é exagero dizer que comer um prato dele é como fazer uma viagem sensorial sem precisar pegar avião.
O desafio de inovar sem trair
O que mais me chamou atenção foi a filosofia por trás da cozinha dele. Tem uma linha tênue entre inovar e trair as origens — e o Tamayo caminha nessa corda bamba com uma segurança impressionante.
Ele me contou que o maior desafio não é criar pratos bonitos ou diferentes, mas sim manter o respeito pelos ingredientes e pelas tradições enquanto apresenta algo novo. "Não adianta fazer modernice se o sabor da infância se perde no caminho", refletiu, mostrando uma sensibilidade que vai além do técnico.
E parece que os paulistanos estão adorando a novidade. Os eventos que ele tem realizado — aqueles pop-ups que todo mundo corre para garantir lugar — estão sempre lotados. Gente que nunca pensou em comida equatoriana como algo sofisticado sai com os olhos brilhando.
Para onde vai essa tendência?
O interessante é que Tamayo não quer ser o "chef equatoriano" — ele quer ser o chef que mostrou o potencial da culinária do seu país. Tem diferença, e não é pequena.
Os planos incluem mais eventos, quem sabe um restaurante fixo (embora ele seja meio evasivo quando perguntamos sobre prazos) e, principalmente, continuar essa missão quase evangelizadora de apresentar o Equador gastronômico para os brasileiros.
Enquanto isso, São Paulo ganha mais uma camada em seu já rico cenário gastronômico. E nós, comensais curiosos, ganhamos a oportunidade de descobrir sabores que, tenho certeza, vão nos surpreender muito.
Quem diria que um equatoriano em terras brasileiras nos faria redescobrir a América Latina através do paladar? A gastronomia, meus amigos, sempre nos reserva essas deliciosas surpresas.