Fotógrafo resgata técnica secular e cria obras-primas no interior paulista
Técnica de 200 anos revive em fotos artísticas no interior

Imagine capturar o mundo não através de pixels ou filtros digitais, mas através da alquimia de produtos químicos e placas de vidro. É exatamente isso que um fotógrafo visionário está fazendo bem aqui no interior de São Paulo, em Presidente Prudente. E olha, o resultado é de cair o queixo.

Uma Viagem no Tempo pela Lente

Enquanto todo mundo corre atrás da última câmera mirrorless ou do smartphone com mais megapixels, esse artista resolveu nadar contra a corrente. Ele mergulhou de cabeça no colódio úmido — uma técnica que, pasmem, já era usada antes mesmo da abolição da escravatura no Brasil. Sério mesmo, estamos falando de quase dois séculos de história!

O processo é tão fascinante quanto trabalhoso. Primeiro, prepara-se manualmente uma emulsão sensível à base de nitrato de celulose e éter. Depois, essa mistura é cuidadosamente espalhada sobre uma placa de vidro — sim, vidro mesmo, nada de sensor digital. A placa precisa ser exposta e revelada ainda úmida, criando uma corrida contra o tempo que dura apenas cerca de 15 minutos. É uma dança delicada entre química, timing e pura intuição artística.

Do Ordinário ao Extraordinário

O que mais impressiona — e aqui é onde a mágica realmente acontece — é como objetos e cenas do cotidiano ganham uma aura completamente nova através dessa técnica. Uma simples cadeira de balanço, aquelas que vemos em toda varanda de casa de interior, se transforma numa relíquia atemporal. Paisagens urbanas que passariam despercebidas no dia a dia se tornam cenários de sonho, com tons sépia e texturas que parecem saídas de um romance do século XIX.

"Cada imagem é única, irreproduzível", conta o fotógrafo, com aquela empolgação contagiante de quem descobriu um tesouro. "Não existe controle Z, não há como editar depois. Ou você acerta na hora, ou começa tudo de novo. Isso me faz enxergar a fotografia de um jeito completamente diferente."

Por Que Isso Importa Hoje?

Num mundo onde tiramos mais fotos em dois minutos do que toda a humanidade tirou no século XIX, esse resgate parece quase um ato de rebeldia. É como se o artista estivesse nos lembrando que a fotografia pode ser mais do que um clique rápido — pode ser uma experiência, um ritual, quase uma meditação.

E o melhor de tudo? Ele não guarda esse conhecimento só para si. Através de oficinas e exposições, está espalhando essa paixão pela região, mostrando que arte e tecnologia podem dialogar de formas surpreendentes. Quem diria que uma técnica quase esquecida encontraria novo fôlego aqui, no coração do interior paulista?

Resta uma pergunta: será que, na nossa ânsia pelo digital, estamos perdendo a magia do tangível, do imperfeito, do genuinamente humano? Esse fotógrafo, com suas placas de vidro e químicos, parece ter encontrado uma resposta bastante poética.